Um casamento que não deu certo: esse é o consenso formado entre Monalisa Perrone e a CNN Brasil sobre a parceria firmada há cerca de três anos. Contratada como principal estrela do canal de notícias, a jornalista não vingou no novo emprego e perderá ainda mais espaço a partir de abril. Ela deixará de apresentar o Expresso, que é um formato praticamente autoral, e passará a ocupar a bancada do Jornal da CNN, que é mais curto e que gira em torno de leitura de teleprompter. Para amigos próximos, ela já admite ter um acordo para deixar a empresa em 2023 e se aposentar.
O TV Pop apurou que a CNN Brasil tentou chegar a um acordo para a rescisão do contrato da ex-apresentadora da Globo antes do término sua vigência original, em setembro do próximo ano. A emissora, no entanto, acabou se deparando com uma série de restrições contratuais exigidas por ela antes de sua saída da líder de audiência. A atual gestão do canal de notícias só descobriu uma cláusula com uma elevada multa para a parte que rompesse o vínculo antes dos quatro anos pactuados, independentemente do motivo. O contrato veta até um distrato em comum acordo.
Monalisa Perrone, por sua vez, não fez questão de assegurar sua permanência na empresa: mesmo tendo o segundo maior salário dos apresentadores do canal, atrás apenas de William Waack, ela também sinalizou para seus chefes que não está feliz na empresa. A sua insatisfação ficou ainda maior no final do ano passado, depois da dispensa de Gabriela Delman, que era a editora-chefe do Expresso. Desde então, ela tem sido incisiva ao dizer — mesmo para colegas de Redação — que está apenas cumprindo o seu contrato. Até a sua performance no noticioso ficou mais apática.
A insatisfação explícita de Monalisa foi a deixa para que a CNN Brasil decidisse promover uma grande reformulação em seu horário nobre. Contrariando as expectativas, a jornalista não conseguiu atrair anunciantes e tampouco audiência para o canal de notícias: o seu telejornal não faturava e não raramente ficava na lanterninha entre os canais de notícias. A sua transferência para o formato mais “quadrado” do Jornal da CNN é interpretada como um claro rebaixamento — oficialmente, a emissora nega e diz ela irá assumir o “produto de maior investimento” da casa (leia mais abaixo).
Nos bastidores, no entanto, a interpretação é outra. Escanteada para um jornal de bancada e essencialmente pautado em conteúdos prontos mesmo com seu atual âncora, conhecido justamente por gostar de fazer análises e comentários, Monalisa Perrone ficará apagada em sua reta final como contratada da empresa. O Jornal da CNN dura só uma hora e será ensanduichado por atrações pautadas no ao vivo e no debate dos temas do dia, que são o Primetime (conduzido por Márcio Gomes) e o WW, formato de William Waack que passará a contar com edições diárias.
De acordo com uma fonte da reportagem na diretoria da CNN Brasil, a transferência da ex-apresentadora do Hora 1 para um formato de bancada foi feita para que o público do canal passe a se desacostumar com a presença dela na emissora. Há a avaliação interna de que qualquer nome é capaz de apresentar o Jornal da CNN, justamente por sua proposta quadrada. A saída de Waack em pleno ano eleitoral foi para que ele, visto como o principal apresentador da rede, se destaque e possa atrair mais público em uma proposta que não envolva a exibição de VTs enfadonhos.
O TV Pop procurou a CNN Brasil e, assim como neste texto, afirmou ter conhecimento de que há um entendimento da emissora com Monalisa Perrone para que ela deixe o canal de notícias no final de seu contrato, em setembro de 2023, e que só não acontecerá antes por conta de cláusulas contratuais. A empresa não negou as informações e, por meio de sua assessoria de imprensa, enviou a seguinte nota, reproduzida na íntegra:
A mudança de Monalisa Perrone faz parte de uma estratégia maior de grade da CNN, pensada e planejada nas últimas semanas. A partir de 4 de abril, Monalisa será âncora do Jornal da CNN, o produto de maior investimento da emissora.