Há quase dois anos no comando do Edição das 18h, César Tralli não deverá ficar muito mais tempo a frente do telejornal que abre o horário nobre da GloboNews. Aos seus colegas de trabalho, o jornalista admite que a sua jornada de trabalho está cada vez mais desgastante e, aos amigos, ele tem dito que gostaria de passar mais tempo com a sua família para acompanhar mais de perto o crescimento de sua filha. O também apresentador do Jornal Hoje é casado com Ticiane Pinheiro há quatro anos e, desde 2019, é pai de Manuella, que completará três anos em julho.
O TV Pop apurou que a saída de Tralli do elenco regular do canal de notícias da Globo é vista como irreversível e deverá acontecer, no mais tardar, no final deste ano. Ele, no entanto, irá continuar sendo convocado para coberturas especiais na emissora: a direção da rede avalia transformar o jornalista em uma espécie de âncora sênior, sendo convocado apenas em grandes coberturas e em ocasiões especiais. O seu bom desempenho na cobertura eleitoral de 2020 e a sua forte identificação com o público da Grande São Paulo foram fundamentais para que essa decisão fosse tomada.
Internamente, há o consenso de que a jornada de trabalho de César Tralli está excessiva. Não é raro que ele passe mais de 12 horas nos estúdios da Globo nos dias úteis: além de comandar o JH e o Edição das 18h, o marido da apresentadora do Hoje em Dia faz questão de colaborar com a produção dos dois telejornais. Ele apura conteúdos, sugere pautas, auxilia na edição de reportagens, grava chamadas para afiliadas e tenta assistir todos os conteúdos antes de entrar no ar. Nas últimas semanas, com o conflito ucraniano, o jornalista tem ficado na empresa entre 8h30 e 20h30.
Cientes da insatisfação do apresentador, os executivos da Globo decidiram que ele não precisaria mais atuar em plantões em finais de semana e feriados: a última vez em que o marido de Ticiane Pinheiro apresentou o Jornal Hoje em um sábado foi há mais de dois meses, em 8 de janeiro. Para tapar o buraco na escala de plantonistas do telejornal, a emissora voltou a escalar regularmente Roberto Kovalick, que era chamado para o jornalístico apenas em casos de emergência — desde o início da crise sanitária, ele fazia parte do rodízio de apresentadores dos telejornais locais de SP.
A reportagem apurou que o nome mais cotado para assumir o comando do Edição das 18h é Tiago Eltz: ele, que trabalha como correspondente da emissora nos Estados Unidos desde 2017, está acertando os detalhes para o seu retorno ao Brasil justamente para apresentar um telejornal diário na GloboNews. O jornalista caiu nas graças do público do canal de notícias no ano passado, por conta de seu desempenho ao lado de Guga Chacra na cobertura das eleições americanas. A sua dificuldade em operar o telão com os resultados parciais chegou a virar meme nas redes sociais.
Bem avaliado também pelos executivos da Globo, o jornalista foi escalado para atuar na primeira reportagem exibida pelo Globo Repórter neste ano. Para o grande público, isso pode não parecer nada. Internamente, é um dos maiores sinais de prestígio que um comunicador pode ter dentro da líder de audiência. E, por uma ironia do destino, foi justamente o programa das noites de sexta que acelerou a vinda dele para o Brasil: o repórter veio ao país apenas para atuar na edição do programa, mas acabou ficando para comandar a cobertura da guerra na Ucrânia na GloboNews.
A sua volta definitiva ao país já era ventilada há alguns meses: muito antes da saída de César Tralli ser comentada internamente, a rádio corredor já ventilava que ele seria um possível substituto para Christiane Pelajo no Edição das 16h. As constantes ausências da apresentadora, que não comandou o telejornal em 74 de 261 edições transmitidas no ano passado, são apontadas como o principal fator para os índices fracos do jornalístico, assim como a sua dificuldade em desenvolver comentários sobre política e internacional.
A reportagem do TV Pop entrou em contato com a Central Globo de Comunicação na tarde de segunda-feira (14) e questionou o departamento sobre a volta de Tiago Eltz para o Brasil, assim como qual telejornal da GloboNews ele iria comandar depois que retornasse ao país. A emissora, no entanto, não se manifestou até a publicação deste texto.
