A Globo convidou a cantora Teresa Cristina para cantar a música que embala as transmissões dos desfiles do carnaval Globeleza do Rio de Janeiro e São Paulo, que neste ano vão acontecer nos dias 22 e 23 de abril. É a primeira vez que a canção, composta por Jorge Aragão e José Franco Lattari, famosa na voz de Neguinho da Beija-Flor, é interpretada por uma mulher. A vinheta deste ano, que traz imagens emblemáticas de desfiles passados, está centrada na interpretação de Teresa para o samba, que marca o reencontro do público com os desfiles das escolas, após o hiato causado pela crise sanitária.
“O carnaval sempre anunciou a minha felicidade e ser a primeira mulher a gravar essa música é muito importante, não só pra mim, mas para todas as mulheres do samba. O samba nasceu das mãos de uma mulher e foi tirado da nossa mão. Acho muito importante que a mulher volte a atuar no samba, em todos os setores, em todos os lugares. A reparação histórica empurra a gente para frente. É muito bom fazer parte disso. A mulher é protagonista porque o samba no Rio de Janeiro chegou pelas mãos de uma mulher. Esse protagonismo era dela. É pegar de voltar o que já foi nosso”, defende a artista.
Desde o convite até a gravação da vinheta Globeleza, Teresa experimentou uma avalanche de sentimentos, de mergulhos em memórias afetivas até a explosão de alegria caraterísticas de uma autêntica foliã. “Tive uma alegria muito grande, que não cabe dentro de mim. Quando recebi o convite, sonhei com isso por três dias seguidos. Entrava no meu sonho, era muito doido. Sonhei que eu estava em Londres, no Big Ben, e de repente estava cantando o samba do carnaval da Globo. Estava andando na praia em Saquarema e de repente estava cantando o samba do carnaval da Globo. Sabe? Tô no Jardim Zoológico e vem o samba da Globo”, relembra, aos risos.
Teresa Cristina disse ainda como prefere ser chamada, de intérprete ou puxadora do samba do carnaval Globeleza. “Jamelão gravou muito samba-canção, era um senhor cantor. Ele percebeu que usavam o termo ‘puxador’ para tentar diminuir o que ele é e ele tinha razão. Como também acho que tem razão quem diz que não se importa, torna a ideia de puxar um samba na avenida, uma tarefa hercúlea. Não qualquer pessoa, qualquer voz, qualquer peito que consegue puxar uma escola. Concordo com Jamelão como concordo com quem não se incomoda com o nome de puxador”, explica ela.
Em entrevista divulgada pela Globo, Teresa diz que está pronta para puxar o público para frente da TV toda vez que soltar sua voz. “Comecei a desfilar só em 2001, passei a minha vida inteira vendo os desfiles das escolas pela televisão, então entendo esse momento, essa cumplicidade que a gente tem como telespectador e o desfile da nossa escola. Eu era sempre a corujinha que ficava acordada a noite toda acordando os parentes avisando ‘sua escola vai entrar’. Essa música traz esse tipo de recordação para mim. É encontro de família, é noite em claro e surpresa”, finaliza.