O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) debochou da tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão durante a Ditadura Militar (1964-1985). Na tarde de domingo (3), o político postou em uma rede social de mensagens curtas uma resposta a uma publicação da colunista de O Globo, na qual ela diz que Jair Bolsonaro (PL) é um inimigo confesso da democracia. O filho do presidente escreveu: “Ainda com pena da cobra”.
A publicação em referência à serpente se deve a relatos de Míriam Leitão, que durante a Ditadora Militar foi presa, agredida e torturada. De acordo a jornalista do Bom Dia Brasil e GloboNews, ela foi obrigada a ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala escura com uma jiboia. Na época, ela estava grávida de 1 mês. Nas redes sociais, o comentário causou revolta em políticos, celebridades e seguidores.
Em 2018, Eduardo Bolsonaro também havia feito comentários polêmicos sobre o período da Ditadura Militar. O deputado federal afirmou que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). No ano seguinte, ele também defendeu a possibilidade de “um novo AI-5”, o quinto de dezessete grandes decretos emitidos pela ditadura nos anos que se seguiram ao golpe de estado de 1964 no Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro também já fez comentários em defesa da ditadura. Em 2016, durante o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o então deputado federal dedicou seu voto ao comandante Brilhante Ustra, um dos torturadores da petista na época do golpe militar. Na semana passada, o Ministério da Defesa emitiu uma ordem do dia no qual classifica a data do golpe de 1964 como “um marco histórico na evolução da política brasileira e que não poderia ser reescrita em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização”.
Na noite de domingo (3), o jornal O Globo publicou um editorial sobre o comentário de Eduardo Bolsonaro:
“Repugnante e inaceitável
FOI REPUGNANTE, ofensiva e absolutamente inaceitável a manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que fez referência à tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, colunista do GLOBO, durante a ditadura militar.
EM POST publicado numa rede social contestando uma crítica feita por Míriam ao presidente Jair Bolsonaro — ela o chamara de “inimigo confesso da democracia” —, o filho Zero Três zombou de um dos episódios mais dramáticos e cruéis da vida dela, a tortura a que foi submetida nos porões da ditadura enquanto estava grávida.
A MANIFESTAÇÃO do deputado deve ser repudiada com toda a veemência. É incompatível não apenas com o que se espera de um detentor de mandato popular, mas sobretudo com a decência e o respeito humanos. Merece, além do repúdio firme, providências das instituições obrigadas constitucionalmente a zelar pelo Estado de Direito”