Participante do quadro Jogo de Panelas do Mais Você, Anderrupson Fernandes Pontes pediu desculpas por ter se pintado na tentativa de se parecer negro no episódio da competição de culinária exibido na sexta-feira (20). Na atração comandada por Ana Maria Braga nesta segunda-feira (23), ele leu um discurso antirracista e disse que “ama todos os negros”. “Queria pedir desculpa para todo o Brasil, de fato fiquei muito envergonhado”, lamentou.
A veterana reuniu todos os participantes do Jogo de Panelas para a grande final da competição e pediu que Anderrupson se retratasse. “É um golpe duro de ser encaixado como racista quando você não é”, iniciou ele, que já havia publicado um texto com pedido de desculpas nas redes sociais. “Tenho minha consciência limpa, minha intenção ali foi apenas entrar em um personagem em um tema tão nobre”, continuou.
“Tenho muita preocupação, e eu combato esse tipo de prática, é desumano, eu fico até emocionado porque amo muito as pessoas negras, então é doído”, finalizou. Logo depois, Anderrupson pediu para ler um discurso e emocionou Felipe, participante que ficou incomodado quando ele reproduziu a prática racista durante um jantar com o tema africano.
“Aprendi não na didática que eu gostaria, há diversas formas de abordar esse assunto. Quando a lesão emocional é uma pancada dessas, não atinge só a mim, atinge milhões de pessoas, e elas vão tomar mais cuidado daqui para frente. Queria pedir desculpa para todo o Brasil, de fato fiquei muito envergonhado, muito arrependido, mas inconscientemente”, disse Anderrupson.
Ana Maria Braga interrompe Mais Você após caso de blackface em quadro
Ana Maria Braga parou a apresentação do último dia do quadro Jogo de Panelas, do Mais Você, na sexta-feira (20), após um dos participantes da atração fazer blackface –pintar o corpo para ficar com a pele negra– para comparecer ao jantar de outro competidor, feito em homenagem ao continente africano. A comunicadora convidou a professora e jornalista Rosane Borges para explicar a origem da prática e pontuar que ela não deve ser feita. “O blackface surge no século 19 nos Estados Unidos, como um recurso muito utilizado pela aristocracia escravagista, que fazia da técnica uma forma de estereotipar e negar a humanidade das pessoas negras”, explicou Rosane.
“No século 20 ele adentra o cinema, o carnaval –até do Brasil. Até o início do século 20 foi um recurso muito utilizado. Não devemos fazer em nenhuma hipótese. Estamos em pleno século 21, é preciso que a gente avance enquanto humanidade e civilização, e que digamos não a uma técnica tão cruel e desumanizadora”, finalizou a estudiosa. Com início na última segunda-feira (16), o Jogo de Panelas trouxe ao longo da semana cinco jantares temáticos, produzidos pelos próprios participantes. Cada competidor deveria preparar uma refeição com decoração e os convidados se vestirem de acordo com o tema escolhido. A final acontece na segunda-feira (23).
“O Anderrupson estava superlegal, mas mais uma vez ele traz a ingenuidade. Ele faz a pintura. Não precisa se pintar de negro, a gente não brinca de ser negro, temos toda uma história e é sofrido. Não se pinte para ser negro”, pediu o participante Felipe, anfitrião do jantar. “Esse esclarecimento faz parte da essência do nosso programa. É bom pra todo mundo aprender. Tem um monte de gente que não percebe, mas tá na hora. Tá tão dito. Prestar atenção no outro. A gente vai continuar vendo o jantar, mas eu quero dizer que a gente está tentando esclarecer e entender que é um comportamento que não deve mais se repetir”, disse Ana Maria Braga.