A notícia da saída de Douglas Tavolaro do comando da CNN Brasil pegou o mercado e a imprensa especializada de surpresa no final da manhã desta quinta-feira (25). Apenas um ano após sua inauguração – ele recém encerrou a rodada de entrevistas em que celebrava o primeiro ano do canal – o executivo, que foi responsável por implantar a franquia da maior rede de notícias do mundo, está fora e o controle acionário passou a ter totalmente do sócio Rubens Menin, da MRV Construtora e do banco Inter.
Não se esperava pela saída de Tavolaro. Em maio do ano passado, a Revista Piauí informou, de forma extraoficial, que o contrato entre a CNN Brasil e a matriz americana era de 35 anos, sendo renováveis por mais 20 e que a presidência do jornalista estava garantida por ao menos dez deles. O que teria ocorrido para que esse período fosse abreviado de forma tão drástica?
No comunicado enviado à imprensa, também chamou atenção o quão sucinto e parco foi o texto em relação à trajetória do executivo. De forma lacônica, limitada a apenas um parágrafo dentre os seis existentes, foram publicadas duas frases que reconheceram e agradeceram o seu trabalho.
A saída de Douglas Tavolaro da CNN Brasil ainda é nebulosa e rodeada de mistérios, assim como a definição de seu sucessor – com quem trabalhará pelos próximos 90 dias, segundo o mesmo comunicado que anunciou a sua saída. Outro ponto de interrogação que se abre é o destino dos ex-Record que Tavolaro levou para a CNN.
O novo CEO manterá todos eles? De fato, o mercado jornalístico não é tão grande assim e é extremamente comum que profissionais de vários veículos se encontrem e reencontrem ao longo da carreira, mas ao montar a CNN, Tavolaro aparelhou a emissora com diversos subordinados de seus tempos de Record. Virgílio Abranches, Douglas Fagotti, Marcus Vinicius Chisco, Fabiano Falsi, André Ramos, Roberto Munhoz são apenas alguns dos exemplos de ex-Record que foram alçados a cargos executivos na nova emissora.
Projeções
Rubens Menin provavelmente já tem um nome ou nomes em mente para assumir a CNN Brasil. No entanto, independente de quem for escolhido, substituir Tavolaro não será uma tarefa das mais fáceis. Ele reunia dois perfis que não são fáceis de se encontrar no mercado: era um executivo, tanto que conseguiu trazer a CNN para o Brasil, viabilizá-la em sociedade e implantá-la, como também é um jornalista (só na Record foram 15 anos, onde chegou ao cargo de vice-presidente, o mais alto na estrutura de jornalismo).
O canal de notícias tem em seu staff grandes nomes, como Américo Martins, vice-presidente de Conteúdo, com mais de 30 anos de jornalismo, experiência como repórter, editor, diretor, com passagens pela BBC de Londres, EBC e Folha de São Paulo. Talvez seja o nome mais próximo ao do agora ex-CEO, até por já ter administrado grandes equipes e orçamentos. Mas não tem a estrada do demissionário do ponto de vista de mercado.
Menin poderá buscar um executivo de fora para administrar a CNN Brasil. Ele pode optar por um nome de mercado, sem necessariamente histórico de mídia ou jornalismo, ou desfalcar a concorrência. Mas em ambos casos, a sondagem pode não ser das mais fáceis: uma emissora que perde um CEO tão poderoso como Douglas Tavolaro será vista como uma opção sólida para algum executivo renomado, seja ele de TV ou não? Ou a emissora continuará sendo vista como uma aposta, um tiro no escuro?
João Gabriel Batista é publicitário, com pós-graduação em Marketing and Sales na Escola de Negócios Saint Paul e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Tem 29 anos e atua com marketing há 11, com passagens por veículos de comunicação, como emissora de TV, rádio e jornal, e multinacionais do segmento de telecom. É analista de mercado e negócios no TV Pop, com publicação nas terças e em ocasiões especiais. Converse com ele por e-mail em [email protected]. Leia aqui o histórico do colunista no site e conheça o seu perfil no Linkedin.