Dando continuidade ao seu processo de contenção de gastos, a Globo começou 2021 com uma medida controversa. Pela primeira vez na história, a emissora escolheu um helicóptero não blindado para ser a versão carioca do Globocop, aeronave utilizada pela rede em seus telejornais.
O Globocop, desde o dia 1º de janeiro, passou a ser um Robinson R44. É um equipamento bem mais compacto e barato que seus antecessores, da linha Eurocopter Ecureil, conhecida no Brasil como Esquilo — o modelo já era utilizado por outras redes de televisão, como a Record.
A Globo, porém, optou por escolher uma versão não blindada do helicóptero para prestar serviços na capital fluminense. A medida causou pânico entre os repórteres, que tem apelado aos diretores para serem poupados de pautas que envolvam a cobertura aérea. “Ninguém aqui vai ter coragem de arriscar a própria vida em um momento em que a emissora está cortando custos. Nós estamos com medo, é impossível não estar”, afirmou um famoso jornalista, que trabalha há anos na rede e que acumula diversos prêmios.
O temor dos jornalistas, por sinal, tem motivo: o Rio de Janeiro tem um histórico preocupante de helicópteros alvejados. Não é raro que aeronaves passem por apuros e tenham que fazer pousos forçados por terem sido atingidas por balas — em 2019, uma aeronave da Polícia Militar caiu na Baía de Guanabara com marcas de tiros.
Até mesmo o Globocop, em sua versão blindada, já teve momentos tensos na capital carioca. Há quase 10 anos, em 21 de janeiro de 2011, a aeronave foi atingida por tiros ao sobrevoar o Morro da Mineira e teve que fazer um pouso de emergência, com problemas no motor de cauda. Apesar do incidente, os três ocupantes do voo saíram ilesos.
Nos bastidores, profissionais tem se questionado se a contenção de custos não impactará também na qualidade dos produtos jornalísticos da casa. O Jornalismo da Globo ganhou o seu primeiro prêmio Emmy Internacional justamente em uma cobertura arriscada que contou com o auxílio do helicóptero: a Ocupação do Complexo do Alemão, em novembro de 2010. A aeronave da emissora capturou, com exclusividade, imagens repercutidas em todo o mundo, que mostravam a chegada dos policiais e a fuga dos bandidos.
OUTRO LADO
A reportagem do TV Pop entrou em contato com a emissora e questionou se os helicópteros que prestam serviços para os telejornais deixaram, de fato, de ter blindagem e, se sim, se haveria algum motivo para a decisão.
A Globo não negou as informações e também não respondeu aos questionamentos feitos pelo site. “Não comentamos nossa relação com fornecedores, mas todos os procedimentos de segurança são seguidos”, se limitou a responder a rede, por meio de seu departamento de Comunicação.