O apresentador, ator, humorista, escritor e diretor Jô Soares morreu às 2h30 desta sexta-feira (5), aos 84 anos. Ele estava internado desde 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde deu entrada para tratar de uma pneumonia. A causa da morte não foi divulgada. O velório e enterro do jornalista serão reservados à família e amigos, em local ainda não informados.
O anúncio da morte de Jô Soares foi feito primeiro por Flávia Pedra, ex-mulher do comunicador, e confirmada em nota pela assessoria de imprensa do Hospital Sírio-Libanês. “Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados. O funeral será apenas para família e amigos próximos”, escreveu Flávia em uma rede social.
“Assim, aqueles que através dos seus mais de 60 anos de carreira tenham se divertido com seus personagens, repetido seus bordões, sorrido com a inteligência afiada desse vocacionado comediante, celebrem, façam um brinde à sua vida”, finalizou a ex-mulher do ex-contratado da Globo. O humorista nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1938. Na emissora líder, comandou o Programa do Jô de 2000 a 2016.
O início da carreira de Jô Soares
Jô Soares nasceu no Rio de Janeiro, em 1938. Filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares, mudou-se com a família aos 12 anos, para a Europa. Poliglota, chegou a pensar em seguir a carreira diplomática, mas seu fascínio pelo teatro falou mais alto, ainda nos anos em que estudava na Suíça. “Sempre quando ia ao teatro, assistir a shows, ia para a coxia ver como era. E já inventava números de sátira do cinema americano; fazia a dança com os sapatinhos que eu calçava nos dedos”, disse em depoimento ao Memória Globo.
O artista estreou na carreira artística no papel de um americano em O Homem do Sputnik, filme de Carlos Manga estrelado por Oscarito, em 1958. No mesmo ano, escrevia para o TV Mistério, programa da TV Continental, dirigido por Adolfo Celli, com Paulo Autran e Tônia Carrero no elenco. “Consegui fazer ao mesmo tempo as três emissoras que tinham no Rio”, revelou ele que, no ano seguinte, por incentivo do dramaturgo e humorista Silveira Sampaio, foi contratado para a TV Rio, onde atuou no programa Noites cariocas. Também nesta época fez participações na TV Tupi.
Jô Soares foi contratado pela Record de São Paulo em 1961. Além de escrever o Simonetti Show, atuava em programas como o La Reuve Chic, Jô Show, Quadra de Azes (ao lado de Zilda Cardoso, Darlene Everson e Cauby Peixoto), Show do Dia 7 e Você é o Detetive. Jô também interpretou o mordomo de A Família Trapo, seriado que escrevia com Carlos Alberto de Nóbrega, apresentador do humorístico A Praça é Nossa.
A chegada na Globo
Na Globo, o ator e humorista protagonizou, com Renato Cortes Real, a partir de 1970, o Faça Humor, Não Faça a Guerra, sua estreia na emissora. A dupla também escrevia o programa, ao lado de Max Nunes, Geraldo Alves, Hugo Bidet e Haroldo Barbosa. Nele, interpretou tipos como Norminha e Padre Thomas. A atração foi substituída por Satiricom, em 1973. Três anos depois, o humorista atuou como ator e redator, novamente com Max Nunes e Haroldo Barbosa em outro grande sucesso da Globo, o Planeta dos Homens, que ficou no ar até 1982. Jô Soares dividia a cena com grandes nomes do humor, como Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Luís Delfino, Sonia Mamede, Berta Loran, Costinha, Eliezer Motta e Carlos Leite.
Jô Soares deixou a equipe de Planeta dos Homens em 1981 para se dedicar a seu próprio programa, o Viva o Gordo, escrito por Max Nunes, Hilton Marques, Afonso Brandão e José Mauro, que foi exibido até 1987. O título veio do show Viva o Gordo e Abaixo o Regime!, um grande sucesso do teatro no qual o humorista fazia críticas veladas à ditadura. Entre os tipos marcantes que viveu nessa época, estão o Reizinho, sempre às voltas com os problemas do reino, uma sátira à situação política do país; o Capitão Gay, super-herói homossexual que usava um uniforme cor de rosa e andava sempre acompanhado de seu ajudante Carlos Sueli (Eliezer Motta); e o Zé da Galera, que ligava para o técnico da seleção brasileira de futebol e pedia “Bota ponta, Telê!”.
Na época, simultaneamente ao trabalho no Viva o Gordo, Jô Soares apresentava um quadro no Jornal da Globo e, em 1983, fez uma participação especial no musical infantil Plunct, Plact, Zuuum. Em 1987, ele deixou a Globo e foi trabalhar no SBT, onde estrelou o humorístico Veja o Gordo e realizou um sonho que acalentava há anos: apresentar um programa de entrevistas inspirado nos talk-shows americanos, o Jô Soares Onze e Meia. Ele voltou à Globo em 2000, comandando o Programa do Jô, um talk-show na mesma linha do Jô Soares Onze e Meia, que ficou no ar até dezembro de 2016.