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Afinal, quais novelas da Globo podem ser transformadas em séries?

Marcos Pasquim e seu Pescador Parrudo dariam uma ótima série americana (foto: Divulgação/TV Globo)
Marcos Pasquim e seu Pescador Parrudo dariam uma ótima série americana (foto: Divulgação/TV Globo)

Na semana passada, o TV Pop revelou em primeira mão que a Globo está editando suas novelas e as lançando como séries para o mercado internacional. As duas primeiras escolhidas foram os sucessos Avenida Brasil, com seus 179 capítulos resumidos em 40 episódios divididos em três temporadas, e Verdades Secretas, que teve seus 64 capítulos resumidos em apenas 11 de uma temporada.

A edição das novelas para o mercado internacional já é de praxe, seja para regular o tamanho dos capítulos ou deixar a trama mais ágil. Já a edição para o novo formato é uma tentativa de atrair novos mercados onde as novelas não são bem aceitas, como a América do Norte e a Europa. Para ter uma redução tão grande na reedição, podemos dizer que todas as tramas paralelas foram cortadas e um foco maior apenas nos personagens protagonistas. A emissora já tentou o mesmo processo em 2005 com a A Lua Me Disse, exportada em um formato com apenas 13 episódios.

Com a falha, em 2016, com o canal CW já tendo sucesso com a adaptação de Juana la virgen em Jane The Virgin, a Globo vendeu ao canal americano comprou os direitos da série Como Aproveitar o Fim do Mundo sendo adaptada com o nome No Tomorrow. A tentativa não deu certo e a série foi cancelada logo em sua primeira temporada.

Mas, nada nos impede de brincar um pouco e pensar quais tramas da Globo poderiam ser exportadas e adaptadas como séries, não é mesmo?

O Rebu

O Rebu foi uma das tramas que foram oferecidas ao canal ABC em 2016, que acabou deixando o projeto na gaveta. Se você não se lembra, a trama gira em torno de uma festa em que ocorre um assassinato. Toda a história se passa em 48 horas, mostrando a preparação da festa, o evento e a investigação no dia seguinte para achar o assassino. Em sua versão original (de 1974) teve 112 capítulos ambientados neste espaço de tempo, a ponto de o telespectador sequer saber quem foi assassinado (houve até um ponto da festa que as pessoas trocam de roupa para despistar).

Com a nova versão feita em 2014 tendo apenas 34 capítulos, logo no primeiro episódio soubemos quem morreu. A premissa serviria muito bem como uma série antológica, estilo conhecido por American Horror Story e Fargo. Em cada temporada, uma festa diferente e em torno de 10 a 13 episódios, trabalhar a descoberta do assassino da vez.

Além do Tempo

Um amor proibido termina tragicamente e um século depois o casal tem a chance de tornar o amor deles realidade, assim é descrita a novela. Elizabeth Jhin já é uma autora conhecida por suas tramas espíritas, mas o diferencial que tornou a obra uma de suas melhores novelas foi o fato dela começar num período e terminar em outro (além, é claro, da maneira como todos os personagens fazem você se apegar a trama).

Para a transformação em série, imagino a forma de paralelos que foi construído Once Upon a Time (onde as tramas se completavam entre a cidade e a Floresta Encantada) e que pode lembrar levemente Espelho da Vida, novela em que a protagonista podia viajar para sua alma passada e continuar no presente com um espelho. A trama certamente conseguiria sobreviver a várias temporadas.

A Favorita

A mesma história contada por duas mulheres: um assassinato, onde ambas se declaram inocentes e você não sabe quem é a vilã de fato da história até a metade da novela. João Emanuel Carneiro fez sua estreia ao horário das nove com o folhetim, que é uma de suas melhores novelas até hoje. Assim como Avenida Brasil, ela sofre por suas histórias paralelas, mas ele entregava uma das histórias mais interessantes exibidas pela Globo na década.

Uma adaptação em série conquistaria o espectador facilmente focando no embate da dupla, mas necessitaria de um elenco de peso como Claudia Raia e Patricia Pillar. Imagine ver uma season finale revelando quem é a assassina e voltando totalmente diferente? Um jogo de gato e rato moderno.

O Tempo Não Para

A novela de Mário Teixeira pode não ter sido uma das melhores a ir ao ar na Globo e se perdeu bem fácil em menos de 30 capítulos, mas nos entrega um dos melhores enredos a serem adaptados. Uma família e seus escravos que foram congelados após o navio naufragar no maior estilo Titanic, se encontram agora no século XXI num mundo totalmente novo, cheio de tecnologias e com os escravos livres.

Uma série com uma sinopse assim? Qualquer país poderia adaptar. Mas principalmente nos Estados Unidos, mostrando pretos de uma época de segregação racial num país dito livre, mas que ainda sofrem misturando com temas atuais, além do choque de realidade que uma era e outra podem causar. E isto ainda poderia desmembrar para outros temas, sendo uma das poucas que ainda consigo ver cair na atual moda do país: séries derivadas.

Salve-se Quem Puder

A atual novela das sete da Globo tem uma das ideias mais absurdas no ar da história da televisão brasileira. Três mulheres desconhecidas presenciaram um crime e são obrigadas a viverem juntas no programa de proteção a testemunhas. Apenas isso é necessário para parecer uma comédia sitcom de qualidade duvidosa da CBS.

Kubanacan

É claro que a trama do pescador parrudo não poderia ficar de fora, aliás, Carlos Lombardi não poderia ficar de fora. A história de uma pessoa que volta ao passado para impedir a explosão de uma bomba nuclear e que além disso é pai de si mesmo. Muitos dizem que Dark foi inspirada na trama de Esteban por causas dos loops temporais, mas Kubanacan é bem melhor.

O misterioso país do amor atrairia muitas adolescentes pelo mundo numa possível adaptação pela Netflix, e é claro, aproveitar para deixar Noah Centineo sem camisa em todos os episódios e Joey King com decotes. Além das tramas cientificas e o cenário caribenho, o folhetim discretamente tinha altas críticas a ditadura militar.

Mateus Ribeiro é engenheiro por formação, e nas horas vagas se diverte maratonando séries e assistindo programas de origem duvidosa da televisão brasileira. No TV Pop, escreve semanalmente sobre as séries produzidas pela indústria norte-americana. Converse com ele pelo Twitter @omateusribeiro. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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