Flávio Fachel violou os princípios editoriais da Globo mais uma vez. Depois de usar a fama conquistada pelo trabalho na TV para furar fila em um show de Roberto Carlos e de frequentemente emitir posicionamentos políticos nas redes sociais, contrariando o manual divulgado publicamente pela empresa, o plantonista do Jornal Nacional usou as redes sociais para fazer jabá de uma marca de biscoitos artesanais do Rio de Janeiro. Sem pudor algum, o jornalista exibiu sacolas da marca em uma série de vídeos gravados em pleno estúdio do Bom Dia Rio.
Ele, por sinal, não foi o único envolvido na quebra de regras: sua parceira de bancada no matinal, Silvana Ramiro, também teve envolvimento na ação de merchandising. O vídeo, inclusive, foi publicado em uma rede social de Silvana. Nas imagens, a dupla não hesitou em marcar a arroba da fabricante dos biscoitos e agradecer publicamente quem enviou o “mimo” — a marca em questão pertence a uma funcionária do Jornalismo da Globo, que atua como editora da primeira edição do RJTV.
Nas imagens, que ficaram disponíveis durante toda a sexta-feira (19), a dupla não poupa elogios ao doce — veja no final deste texto. “Gente, acabou o Bom Dia Rio e olha o que a Dona Elis trouxe pra gente. O melhor cookie do planeta! Vamos divulgar aqui! Fachel, o que é isso? O que é isso, gente? Volta aqui agora! Olha o nosso café da manhã”, disparou Silvana Ramiro, enquanto o colega saia do ângulo da câmera, para ressurgiu pouco depois. “Roubei para mim!”, rebateu Flávio Fachel. Os dois apareciam mostrando a marca e os biscoitos em três vídeos, que já foram excluídos.
O fato da marca em questão ser de uma colega de trabalho da dupla não minimiza a infração cometida por Fachel e Silvana. De acordo com um memorando redigido por Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo da Globo, todos os profissionais que atuam no telejornalismo da emissora não podem utilizar suas redes sociais para fazer recomendações de produtos e estabelecimentos. O aviso, formalizado há cinco anos, é claro ao citar que os jornalistas da empresa não podem fazer publicidade e, portanto, devem evitar citar nomes de marcas. Confira:
Amigos,
De forma certamente não proposital, alguns jornalistas da Globo, em suas redes sociais, têm publicado fotos suas com a marca aparente de algum produto, roupa, restaurante, hotel e afins. Ou, então, permitindo que o espaço para “localização” da foto remeta a alguma marca. Isso leva o público a crer que possa estar diante de publicidade, mesmo que subliminar.
Marcas, evidentemente, devem ser evitadas. E os nomes de restaurantes e lojas, no espaço dedicado à localização (nas redes sociais), devem ser substituídos pelo nome da cidade em que a foto foi tirada. Isso evitará percepções equivocadas.
Nosso princípios editoriais afirmam que a participação de jornalistas do Grupo Globo em plataformas da internet, como blogs pessoais, redes sociais e sites colaborativos deve levar em conta que os jornalistas são em grande medida responsáveis pela imagem dos veículos para os quais trabalham e, por isso, devem evitar em suas atividades públicas tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção.
Peço aos diretores e aos editores-chefes que se certifiquem de que esse e-mail chegou a todos.
Abraços
Ali Kamel
A Globo oficializou a proibição de jabás após um episódio delicado envolvendo César Tralli, atual apresentador do Jornal Hoje. De acordo com informações de Daniel Castro, do Notícias da TV, o jornalista havia marcado a empresa que fez o terno do casamento dele com Ticiane Pinheiro em diversas publicações nas redes sociais. A atitude provocou um grande desconforto internamente e deu origem ao texto reproduzido acima, tornando a “conversa de boca” em uma regra formal da diretoria. Depois do alerta, Tralli se apressou em editar suas publicações, mas não escapou de vir a público para negar que tenha trocado roupas por publicidade na internet.
A seguir, confira aos vídeos em que Flávio Fachel e Silvana Ramiro divulgam a Sou Cookie no estúdio do Bom Dia Rio: