Após as confusões no último debate eleitoral do primeiro turno, William Bonner defendeu mudanças na forma de como organizar o encontro entre presidenciáveis. O mediador da Globo, que em vários momentos precisou repreender os candidiatos presentes, afirmou em entrevista ao jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, que defende a criação de punição para quem desobedecer as regras do encontro, e citou aqueles que “sabotam a dinâmica previamente combinada”.
“A verdade é que o nível de tensão desses debates presidenciais tem aumentado a cada eleição. E não é uma coincidência que isso se dê simultaneamente com o surgimento e o crescimento das redes sociais. A intolerância belicista que elas alimentam se dissemina para fora do universo digital, virtual. E é claro que a política é o ambiente para a tempestade perfeita”, analisou o jornalista.
“Mas nós estamos aprendendo todos os anos. Todos os dias. E eu acho que o debate inaugurou um novo tempo, em que candidatos sem nada a perder podem se dedicar a sabotar a dinâmica previamente combinada. E não importa com qual propósito. Isso é novo, e acho que exige uma abordagem nova”, acrescentou o contratado da Globo, defendendo que deveria existir punição a candidatos que desobedecerem as regras.
“Da mesma forma que, 21 anos atrás, ninguém precisava ficar descalço antes de embarcar num avião, não havia necessidade nenhuma de as regras de um debate preverem punição para quem as desrespeitasse. Pessoalmente, acho que esta questão terá de ser abordada de agora em diante, no sentido de preservar o valor de um debate entre candidatos para esclarecimento dos eleitores”, defendeu William Bonner, que ainda aproveitou para defender mudanças na legislação eleitoral.
“Hoje, a lei eleitoral obriga as emissoras a convidar candidatos de partidos que tenham ao menos meia dúzia de parlamentares. Isso aumenta muito o número de participantes. Talvez seja o caso de estabelecer uma regra que aumente a exigência de representatividade política para que um candidato participe dos debates”, finalizou o âncora do Jornal Nacional.