A Globo teve que reforçar ao seu elenco de talentos e outros profissionais os princípios da empresa a respeito de posicionamento político. Segundo a empresa, todos os funcionários podem se manifestar sobre as preferências eleitorais, exceto os jornalistas, evidentemente. No entanto, os colaboradores só podem fazê-lo fora do ambiente Globo, ou seja, longe das instalações do conglomerado de mídia. Na semana passada, durante o lançamento da novela Travessia, nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, vários atores driblaram os questionamentos da imprensa sobre política e eleições.
De acordo com informações da colunista Cristina Padiglione, do site F5, da Folha de S.Paulo, a autora do folhetim, Gloria Perez, também seguiu pelo mesmo caminho e preferiu não comentar sobre política dentro da emissora. “Vamos falar de novela?”, pedia a novelista. A única exceção foi a atriz Cássia Kis, intérprete da vilã Cidália na trama em cartaz na faixa das 21h. Ela confirmou que conversa com os colegas do elenco a fim de defender voto no atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição. A atitude da artista, que vai se aposentar das novelas após Travessia, tem criado um clima ruim nos bastidores da Globo.
Questionada pela publicação sobre as normas de restrição ao seu elenco, a Globo disse que a política sobre eleições não é nova e que existe há vários anos. A rede também explicou que as regras são sempre atualizadas e reforçadas aos seus funcionários durante o período eleitoral. “A Globo cumpre rigorosamente a legislação eleitoral e tem uma política interna sobre eleições alinhada à sua posição de neutralidade e isenção. A Globo reitera que não apoia qualquer candidato e que, em questões eleitorais, se limita a realizar a cobertura jornalística das eleições, seguindo seus Princípios Editoriais”, explicou o departamento de Comunicação da emissora.
“Por isso, nos períodos eleitorais, conversamos com os profissionais do nosso casting para relembrá-los sobre as regras que, entre outras restrições, impedem que contratados da empresa que desejem se candidatar estejam no ar em qualquer programa. Não existe proibição de manifestações políticas pessoais dos talentos artísticos, desde que não vinculadas à Globo, inclusive em eventos presenciais e nas redes sociais”, continuou a emissora em nota. “Elas não podem envolver ativos da Globo, como instalações da empresa, cenários e figurinos de personagens, etc. Não são permitidas manifestações de apoio a partido ou candidato em propagandas eleitorais no rádio e na televisão. Essas regras são essenciais para que não seja comprometida a percepção do público sobre a isenção da empresa”, detalhou.
A Globo reforça que “aos jornalistas, no entanto, pela natureza da função, são vedadas manifestações de apoio eleitoral em quaisquer instâncias”. Nesta eleição, diversos artistas da emissora que nunca haviam se manifestado publicamente sobre suas preferências políticas têm defendido suas escolhas nas redes sociais. O caso mais repercutido foi o da apresentadora Fátima Bernardes, que estreará no comando da décima primeira temporada do The Voice Brasil. José de Abreu, no ar como o Coronel Tertúlio em Mar do Sertão, sempre foi um dos maiores defensores de Luiz Inácio Lula da Silva (PL) na internet.