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Viagens de equipes do Fantástico causam revolta na Globo

Murilo Salviano viajou do Rio até São Paulo para o Fantástico (foto: Reprodução/TV Globo)
Murilo Salviano viajou do Rio até São Paulo para o Fantástico (foto: Reprodução/TV Globo)

Em novembro do ano passado, com os primeiros sinais de que a pandemia do coronavírus voltaria a ficar fora de controle no país, a direção da Globo decidiu mais uma vez suspender todas as viagens não essenciais para preservar a saúde de seus profissionais. A regra, porém, não parece valer para todo mundo: nas últimas semanas, uma série de profissionais do Fantástico voltaram a fazer viagens para pautas pouco relevantes, com foco em entretenimento e redes sociais.

Um bom exemplo disso aconteceu na edição do último domingo (17) do programa. Murilo Salviano, repórter baseado no Rio de Janeiro, viajou para São Paulo para fazer uma reportagem de oito minutos sobre uma briga condominial de um bairro da classe média-alta paulistana. A pauta, por sinal, só teve espaço no Show da Vida por uma das personagens do entrevero ter uma página famosa no Twitter, com mais de 267 mil seguidores.

Todo o conteúdo feito por Salviano poderia ter sido produzido tranquilamente por uma equipe do SP1, telejornal local da Grande São Paulo. Até mesmo Márcio Rachkorsky, colunista do noticiário, foi convocado para opinar sobre o barraco de vizinhos. A pauta é apenas um dentre os tantos exemplos de viagens desnecessárias de equipes do dominical: Ana Carolina Raimundi, outra repórter do Rio, recentemente esteve em São Paulo para entrevistar Rose Miriam di Matteo, mãe dos filhos de Gugu Liberato (1959-2019), algo que poderia ter sido feito via internet.

Nos bastidores, jornalistas de outras produções já tem questionado seus gestores sobre o tratamento diferenciado dado aos profissionais que dão expediente no Fantástico. E a novela promete ter mais um capítulo nas próximas semanas: Maju Coutinho, que apresenta o Jornal Hoje em São Paulo, já foi avisada que irá viajar para cobrir uma ausência programada de Poliana Abritta. A notícia, porém, não foi bem recebida pelos apresentadores barrados do Jornal Hoje e do Jornal Nacional há quase um ano.

A reportagem do TV Pop apurou que uma série de âncoras de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília estão pressionando os seus superiores para a retomada do rodízio aos sábados e feriados. Internamente, comenta-se que a Globo deverá ceder para evitar uma nova debandada de profissionais, como aconteceu em 2019, quando uma série de apresentadores insatisfeitos por não terem sido convocados para as comemorações dos 50 anos do Jornal Nacional decidiram aceitar qualquer proposta de emissoras rivais.

A volta das viagens, porém, deverá envolver apenas os profissionais das três cidades citadas anteriormente. A direção da emissora considera inviável autorizar a volta dos âncoras de outros estados durante a pandemia por conta do episódio que envolveu Marcelo Magno, do Piauí: ele foi contaminado pela Covid-19 enquanto aguardava um voo de conexão para voltar a sua cidade, após ter apresentado o Jornal Nacional. O jornalista passou 12 dias internado e chegou a respirar com a ajuda de aparelhos.

TV Pop entrou em contato com a Globo para questionar a razão do tratamento diferenciado dado aos profissionais do Fantástico. A emissora não se manifestou até a publicação deste texto.

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