INVESTIGAÇÃO

Polícia vê crime de injúria e Leo Lins pode virar réu por piada capacitista

Imagem com foto do humorista Leo Lins segurando uma cobra píton amarela
Leo Lins segurando uma cobra píton amarela; comediante pode virar réu por piada com deficientes (foto: Reprodução)

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Leo Lins foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por crime de injúria qualificada após uma piada sua viralizar nas redes sociais. Em abril, o comediante criticou o cancelamento de algumas das suas apresentações ao dizer que preferia ser mudo a ter uma “voz feia” como a de uma pessoa com deficiência. De acordo com informações publicadas nesta sexta-feira (21), agora cabe ao Ministério Público aceitar a denúncia para que o ex-integrante do The Noite com Danilo Gentili se torne réu na Justiça.

Segundo o colunista Gabriel Vaquer, do Notícias da TV, que teve acesso aos documentos sobre o assunto com exclusividade, a polícia afirmou no relatório sobre a investigação que o ex-contratado do SBT quis ofender pessoas deficientes gratuitamente. Os trabalhos foram realizados pela 1ª DPPD (Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência) de São Paulo. Duas pessoas com deficiência estiveram na delegacia especializada para denunciar Leo Lins após verem as publicações do humorista na ferramenta Stories de uma rede social de fotos.

No vídeo, o comediante dizia que ouviu a voz de uma criança com paralisia cerebral e que preferia ser mudo do que ter uma fala daquela forma. “Eu sei que o certo é surdo e não surdo-mudo, mas se eu tivesse uma voz desse jeito, preferia ser surdo”, debochou. Após a mobilização de algumas pessoas para fazer protestos em seus shows, o humorista compartilhou sons de foca e novamente fez piada sobre o assunto. “Pelo menos será um protesto silencioso”, afirmou.

As vítimas que viram a postagem de Leo Lins fizeram denúncias formais ao Ministério Público e pediram para que o caso fosse investigado. Para os denunciantes, houve ofensa gratuita e direta a pessoas com deficiência. Eles ainda enviaram material com provas de que o comediante já tinha feito piadas capacitistas anteriormente e era reincidente em casos semelhantes. Uma das pessoas que denunciaram foi Ivan Baron, influenciador digital com 330 mil seguidores em uma rede social de fotos. Ele tem deficiência motora e luta pela inclusão na sociedade civil. Na plataforma, Leo Lins disse que Baron pegou um vídeo antigo com piada contra surdos para causar seu “cancelamento”.

Em depoimento, Leo Lins acusou a delegada de pedir seu indiciamento antes mesmo de ouvir sua versão. “Sustenta o depoente que a delegada entrou no local e disse que já tinha resolvido pelo seu indiciamento antes mesmo de sua versão ser dada e que, por isso, não responderia nenhuma pergunta”, diz o relatório. No fim das investigações, a polícia concordou que o humorista cometeu uma série de práticas abusivas. “O indiciamento se deu pela convicção jurídica do crime cometido. Inclusive, a pessoa do indiciado já havia comparecido a esta Delegacia Especializada respondendo sobre fatos semelhantes. Ou seja, não poderia ele negar desconhecimento da Lei”.

Procurada pela publicação, a Polícia Civil de São Paulo confirmou o indiciamento por meio de sua assessoria de imprensa, mas não entrou em detalhes. “O caso foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela 1ª Delegacia da Pessoa com Deficiência, sendo relatado à Justiça em setembro deste ano com o indiciamento do autor por crime de incitar discriminação de pessoa em razão de deficiência”, diz a nota. Leo Lins e sua produtora também foram procurados, mas não responderam os questionamentos da reportagem do Notícias da TV.

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