Morreu na noite deste terça-feira (25), aos 49 anos, Susana Naspolini — a jornalista, que trabalhava na Globo há duas décadas, não resistiu ao agravamento de seu quadro clínico e teve complicações causadas por um câncer, que havia se espalhado pela medula óssea e estava em fase de metástase no osso da bacia e em vários órgãos, como o fígado. A comunicadora deixa uma filha chamada Julia, de 16 anos, fruto do relacionamento com o narrador esportivo Maurício Torres, morto há oito anos após ter uma infecção cardíaca.
O último posicionamento público sobre a saúde da jornalista veio justamente através de Julia: em um vídeo divulgado nas redes sociais de sua mãe em 21 de outubro, ela revelou que o estado da repórter do RJTV havia se agravado e era considerado gravíssimo pela equipe médica. Ela pediu orações aos colegas de trabalho de Susana e aos admiradores e fãs de seu trabalho. “Sei o quanto ela acreditava no poder da oração. Eu sei que todo mundo que tá aqui gosta muito dela, quer muito o bem dela. Eu queria pedir pra vocês rezarem por ela. Que Deus dê um jeito nela”, pediu.
Abalada pelo agravamento do estado de saúde de Susana, a herdeira da família Torres-Naspolini havia ainda relatado brevemente o estado de saúde da jornalista. “Ela estava com metástase no osso da bacia, já tinha se espalhado pra medula óssea desde julho. Então, ela veio com uma quimioterapia mais forte que fez ela perder o cabelo. Mas a metástase se espalhou por vários outros órgãos, entre eles o fígado. O fígado tá muito comprometido. Ele [o médico] disse que não sabem mais o que fazer, se tem mais alguma coisa pra ser feita. E eu não sei o que fazer”, lamentou.
Em março deste ano, Susana Naspolini havia revelado publicamente que o seu tratamento contra o câncer de mama não havia tido os resultados esperados e que ela teria que ser submetida a outros tipos de tratamentos médicos. Na mesma ocasião, a comunicadora ainda contou aos fãs que o tumor em sua bacia, descoberto em 2020, não havia regredido. A sua luta contra o câncer começou aos 18 anos, quando descobriu que estava com um linfoma de hodgkin. Foi a primeira de cinco batalhas contra a doença.
Quase duas décadas depois, aos 37, ela foi diagnosticada com um tumor maligno na mama e, pouco depois, com um câncer na tireoide. Em 2016, a jornalista voltou a ser diagnosticada com um câncer de mama, que quatro anos depois evoluiu para uma metástase nos ossos. Mesmo com os percalços, a jornalista jamais se afastou completamente de seu trabalho na Globo: mesmo com a intensa rotina de tratamentos médicos, ela apenas se afastou do RJ Móvel — quadro do RJTV 1ª Edição — em breves períodos de 2009, 2016, 2020 e 2022.
Vista como uma das principais repórteres da Globo no Rio de Janeiro, Susana Naspolini foi um elemento fundamental na reformulação dos telejornais locais da emissora na capital fluminense. A trajetória profissional da jornalista começou em 1991, como repórter do SBT em Santa Catarina. Três anos depois, foi convidada pela RBS (atual NSC TV) para assumir a bancada do bloco regional do Bom Dia SC em Criciúma, no interior do estado. Ela seguiu na afiliada catarinense da líder de audiência até 2001, quando se transferiu para a TV Vanguarda, em São José dos Campos.
Ela, no entanto, ficou apenas dez meses na emissora do interior de São Paulo: a jornalista pediu demissão pouco depois de conhecer Maurício Torres (1971-2014), com quem se casou anos depois. E foi justamente do amor de sua vida que partiu a indicação para que Susana estreasse na Globo do Rio de Janeiro. O narrador esportivo, que até então trabalhava na emissora, indicou a amada para cobrir uma licença na GloboNews em 2002. O trabalho da comunicadora agradou, e ela acabou permanecendo na equipe do canal de notícias até 2004, quando foi transferida para o Futura.
Depois de seis meses no Futura, Susana Naspolini foi transferida para a editoria Rio — e lá permaneceu até a sua morte. De acordo com a comunicadora, o jornalismo local era a sua paixão. “O jornalismo local é minha paixão. É sobre a cidade em que a gente mora, é onde a gente cumpre nossa missão de jornalista, que é fazer o mundo melhor, ajudar as pessoas, contribuir de alguma forma. Só que daí tem de tudo, matérias alegres, tristes, violência, saúde”, afirmou a jornalista.
“É o meu jeito de trabalhar, podem, ou não, gostar. Sou muito feliz fazendo, me sinto em casa. No outro dia, minha filha falou: ‘Mãe, sua blusa estava toda suada’. Respondi: ‘Filha, estava gravando em Bangu, meio-dia, não vai ter suor?’. Tem suor, tem o cafezinho; se eu tiver andando e tropeçar, vai entrar o tropeço; se eu sentar na calçada pra falar com alguém, vai mostrar; ah, esse ângulo tem mais sol do que o outro? Não tem problema, é ali que a gente está”, disse Susana, em depoimento concedido ao Memória Globo em 2017.