Flavia Pedras, ex-mulher de Jô Soares, contou alguns detalhes de como foram os últimos momentos de vida do apresentador, humorista, ator e escritor, que morreu aos 84 anos em agosto deste ano. A designer gráfica e o dramaturgo foram casados durante quinze anos e, não raramente, ela era citada por ele no Programa do Jô (2000-2016), seu programa de entrevistas nas madrugadas da Globo.
A amizade entre os dois continuou mesmo com o fim do relacionamento, em 1998. Em 2018, Jô chegou a dizer que a separação deles “não deu certo” porque eles permaneciam sempre juntos mesmo após o término da união. Sempre amparada pela amizade que construíram juntos, a dupla esteve unida até mesmo nos últimos momentos de vida do ex-contratado da Globo. Foi ela quem anunciou a morte do humorista nas redes sociais.
“Os últimos momentos dele foram um deslumbramento. O estado de afiada consciência e a inesperada completa perda do medo de morrer foram de uma beleza sem fim. Agora, por exemplo, estou aos prantos ao me lembrar das nossas últimas horas”, lamentou Flávia Pedras em entrevista ao jornal O Globo. Ela também contou que ele estava muito aflito com o momento político pelo qual o Brasil passava nos últimos meses antes da sua partida, com a ascensão da extrema-direita, o saudosismo da ditadura e o risco à democracia.
“Ele estava desesperado. Desiludido. Gostaria que ele tivesse podido ver a luzinha que agora se acende no fim do túnel. Teria ficado muito esperançoso. Queria que tivesse tido essa chance”, disse ela, em referência ao resultado das eleições, que deu a vitória ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ex-mulher de Jô Soares também confirmou que o apresentador deixou toda sua herança para ela e os funcionários que estavam com ele há muitos anos. “Sim, foi isso, e a resposta para sua pergunta é simples: O que estava há menos tempo em casa estava há mais de 20 anos”, disse Flávia Pedras.
Ela também contou pelo qual motivo que a causa da morte do roteirista não foi anunciada. Jô ficou internado em um hospital de São Paulo para tratar uma pneumonia. “Por nenhuma razão específica. Ou para ensinar as pessoas a serem menos futriqueiras. As pessoas ficam velhas e morrem de causas naturais. Ele gostava da vida privada. Tendo sua morte sido natural e não trágica, felizmente, sendo ele um sujeito elegante na vida, desejamos que a morte dele fosse um pouco mais calma e reservada. Ele se mostrou tanto na vida, estava de bom tamanho. Quis caixão fechado e cremação, tudo rápido, e teve todo meu apoio”, garantiu.