Depois de ter tomado medidas para evitar um atentado contra William Bonner e Renata Lo Prete durante a cobertura da posse presidencial, a Globo agora também teme pela integridade de seu patrimônio e pela segurança de todos os profissionais do seu Jornalismo. O atentado organizado por apoiadores de Jair Bolsonaro aos três poderes causou uma série de medidas inéditas para a emissora, que pela primeira vez em sua história autorizou jornalistas a não se identificarem como autores e produtores de reportagens que investigam os financiadores dos atos golpistas.
A reportagem do TV Pop apurou que todas as afiliadas da Globo tiveram a recomendação de contratar equipes de segurança para proteger os prédios e controlar o acesso à sede das empresas por tempo indeterminado, já que a emissora e suas parceiras viraram alvo de grupos bolsonaristas inconformados com a cobertura jornalística do vandalismo em Brasília. Além disso, também há um pedido para que os telejornais evitem fazer entradas ao vivo em locais de grande circulação de pessoas, como comércios, aeroportos e rodoviárias.
Para que os noticiários continuem tendo conteúdo ao vivo, a líder de audiência recomenda que suas parceiras usem de um expediente até então majoritariamente restrito ao Jornal da Globo: os links devem ser feitos, prioritariamente, dentro das instalações das próprias emissoras, usando jardins, corredores e estacionamentos como cenário. Nos casos em que o deslocamento da equipe for imprescindível ao conteúdo da reportagem, os profissionais serão acompanhados por uma equipe de segurança e deverão ter cuidados redobrados para evitar ataques e manifestações.
Por fim, o canal autorizou que os profissionais de suas cinco emissoras próprias (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife) e afiliadas não se identifiquem como responsáveis das reportagens que investigam os financiadores do atentado de 8 de janeiro. Os jornalistas que não se sentirem confortáveis não vão precisar se expor como autores e produtores de conteúdos dos telejornais e do G1 — na TV, a orientação é de que nestes casos, o conteúdo apurado seja lido pelo âncora do telejornal; no portal de notícias, os textos receberão a assinatura de “Redação”.
Procurada pelo TV Pop para se manifestar sobre as novas recomendações internas, a Globo afirmou que “não comenta questões de segurança justamente por segurança“.