Paulinha Carvalho, ex-integrante do Morning Show e uma das herdeiras da Jovem Pan, se despediu da emissora na última quinta-feira (26). Após o afastamento de Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tutinha, da presidência do conglomerado de mídia, a saída da apresentadora foi mais um desfalque no elenco dos veículos de comunicação nos últimos dias. Em entrevista, ela explicou que decidiu deixar a atração porque deseja explorar “outros segmentos” e estava insatisfeita com o trabalho no programa de variedades.
Filha de Nina Carvalho e sobrinha de Tutinha, Paulinha contou para a colunista Cristina Padiglione, do site F5, da Folha de S.Paulo, que deixou o programa apresentado por Paulo Mathias em razão da contrariedade em politizar todo o conteúdo veiculado no Morning Show. Ela busca explorar outros segmentos da comunicação. “Essa politização tomou conta de tudo e não tem nada a ver com o que eu faço. São dez anos de programa. Eu não quero ficar lá falando de Lula e Bolsonaro por mais quatro anos, não quero esse ativo”, desabafou.
Nos últimos anos, Paulinha Carvalho tem se animado mais a dar sugestões de programação do universo do streaming e de estilo de vida na página Dicas de Vida, em uma rede social de fotos. Apesar da pressão política em torno da Jovem Pan, a gota d’água na decisão de deixar a empresa se deu em razão da demissão de Vinicius Moura, diretor do programa, minutos antes do começo de mais uma edição da atração. “É inacreditável a falta de respeito com quem está ali”, disse ela para a publicação. Ela ainda mantém no veículo o podcast Coração Peludo, com Pamela Magalhães.
Questionada se como herdeira do Grupo Jovem Pan ela não poderia ter expressado antes a vontade de tomar novos rumos na carreira e até mesmo ganhar um programa próprio, ela argumentou que a chegada do canal Jovem Pan News na TV por assinatura conduziu todo o conteúdo para o segmento de hard news, as notícias do momento, deixando sem espaço as notícias mais leves. “Até o Pânico demorou um pouco a entrar na programação do canal”, ressalta. “Agora preciso vencer esse processo de desligamento, foram muitos anos trabalhando só na Jovem Pan. Quero ter coragem para partir para novos rumos”, finalizou.
Jovem Pan demite diretor do Morning Show
Passando por uma transição conturbada para tentar ser esquecida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas eleições de 2022, a Jovem Pan News demitiu Vinícius Alcântara Moura, diretor do Morning Show. O jornalista trabalhava no canal há quase dez anos e era um rosto bem conhecido até mesmo para os telespectadores do canal, já que ele chegou a apresentar o matinal em várias ocasiões, além de ter atuado também como reporter dos telejornais da emissora.
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Moura foi dispensado por Mariana Ferreira, principal executiva do braço televisivo da família Carvalho. Em suas redes sociais, ele desabafou sobre a demissão e agradeceu pela oportunidade dada pela companhia. “Lá do alto do 24° andar do prédio Winston Churchill da Avenida Paulista vivi meus últimos quase 10 anos escrevendo e falando na emissora que cresci ouvinte. A rádio que virou TV foi, na verdade, minha escola de jornalismo. Nela encontrei os melhores professores que o meio poderia me dar. Alguns, para minha sorte, viraram amigos para a vida toda”, pontuou ele.
“Saio com a certeza de que no busquei até o fim – mesmo com a sedução pelo caminho mais fácil – trilhar e honrar com respeito e dedicação a história desta emissora. E agora… Bom, agora Vambora, vambora! Obrigado JP!”, escreveu ele. Nos comentários, muitos colegas de profissão desejaram sorte ao colega. “Foi uma honra trabalhar contigo! Vai para cima que 2023 só tá começando e será o melhor ano de nossas vidas!”, afirmou um internauta. “Você vai brilhar onde for. Parabéns por se manter sempre íntegro”, disse Vera Magalhães, apresentadora da TV Cultura.
Comentaristas bolsonaristas são demitidos
As últimas demissões na Jovem Pan foram feitas com o objetivo de “renovar o quadro de comentaristas e jornalistas na bancada dos principais programas jornalísticos”, segundo informou o site especializado Tudo Rádio. Outros profissionais que já passaram pela empresa devem ser integrados à equipe e serão anunciados pela rede nos próximos dias. A saída de jornalistas e comentaristas alinhados com o bolsonarismo foi tomada pelo Conselho do grupo Jovem Pan ao tomar conhecimento da apuração do Ministério Público de que a rede disseminaria fake news e incentivaria atos extremistas contra instituições brasileiras.
Em 9 de janeiro, dia seguinte aos atos golpistas que vandalizaram prédios públicos em Brasília, Tutinha foi afastado do canal de notícias e da presidência do grupo por causa da abordagem adotada pela companhia na cobertura dos ataques terroristas. A emissora de televisão e os outros veículos do Grupo Jovem Pan passaram a ser gerenciados por Roberto Araújo, que acumulará a presidência da empresa com o cargo de CEO, posto em que está desde 2014.
Oficialmente, a Jovem Pan declarou que Tutinha renunciou à presidência do grupo e permanecerá apenas como acionista do conglomerado. Segundo a apuração do TV Pop, a história nos bastidores é de que o comunicador foi afastado do cargo por seu pai, o empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta. A cobertura dos ataques golpistas teria sido a gota d’água para que ele afastasse o filho. Além de ter feito entradas ao vivo na TV, uma repórter da Jovem Pan estava entre o grupo de terroristas que invadiram os três Poderes da República em 8 de janeiro.
