Ex-correspondente da Globo, Cristina Serra foi escalada pela TV Brasil para apresentar debates sobre o período da Ditadura Militar (1964-1985). A partir de segunda-feira (27) o canal exibirá a partir das 22h uma programação especial para relembrar um dos períodos mais sombrios da história do Brasil no programa Passado Presente – Semana Ditadura e Democracia. Em cada dia da semana, até o dia 2 de abril, serão transmitidos sete filmes. Antes da exibição será realizado um debate mediado pela jornalista que deixou a emissora líder em 2018.
A exibição dos especiais sobre a ditadura é uma das principais mudanças na linha editorial da empresa de comunicação da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) desde o fim do governo Bolsonaro (2019-2022). A lista de convidados do especial conta com o youtuber Felipe Neto, a historiadora Heloísa Starling, a ativista Jurema Werneck e o jornalista e escritor, Frei Betto. A curadoria das obras é da cineasta e gerente-executiva de Conteúdo da TV Brasil, Maria Augusta Ramos, e da assessora da Presidência da EBC e futura diretora de Conteúdo e Programação da TV Brasil, Antonia Pellegrino.
Na segunda (27), o especial começa com a exibição de O dia que durou 21 anos. Com o tema “memória, verdade e versões”, o youtuber Felipe Neto e a historiadora Ynaê Lopes dos Santos farão a estreia dos debates. Na terça (28), o historiador Carlos Fico e o jornalista Cid Benjamin debaterão o tema “militares e guerrilheiros” antes do filme Tempo de Resistência, em uma análise profunda da luta contra a ditadura militar nos anos 1960 e início dos 1970, a partir dos pontos de vistas de seus integrantes das guerrilhas.
Já na quarta (29), o debate terá como tela “direito de resistir e a cultura”, com os historiadores Heloísa Starling e João Cezar de Castro Rocha antes da exibição de Torre das Donzelas. Na quinta (30), o debate será o “papel da religião nas lutas por direitos” com o jornalista e escritor Frei Betto e o professor Pastor Ariovaldo. Eles vão conversar sobre o filme Batismo de Sangue, ambientado em São Paulo, no fim dos anos 60. Na sexta (31), a “Amazônia ontem e hoje” será discutida pela advogada Maíra Pankararu e pela ativista de direitos humanos Sheila de Carvalho, antes da exibição de A flecha e a farda.
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O especial Passado Presente – Semana Ditadura e Democracia seguirá com filmes no sábado (1º), quando o tema discutido será “bolsonarismo e 8 de janeiro” com o cientista social Marcos Nobre e o cientista político Bruno Paes Manso antes da exibição de Missão 115. A maratona sobre a ditadura no Brasil se encerrará no domingo, dia 2 de abril, com o debate sobre o “sistema de justiça e direitos humanos”, com a diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, e o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Após a conversa, será exibido o filme Orestes.
Cristina Serra deixou a Globo em 2018, depois de 26 anos de contrato. No lançamento do livro Tragédia em Mariana, na XIX Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, em 2019, a jornalista contou que saiu da líder de audiência para realizar o desejo de seguir carreira literária. “A empresa quis entender, expliquei as razões. Tenho um filho no exterior, precisava de disponibilidade de tempo, decidi encerrar. Foi uma separação amigável. Encerrei [o contrato] por causa do livro, estou escrevendo o segundo. Meu caminho agora é a literatura”, explicou ela, na ocasião, ao programa TV Fama.
Em março deste ano, Cristina Serra deixou de publicar uma coluna na Folha de S.Paulo para trabalhar na TV Brasil. A decisão foi em razão do Manual da Redação do jornal, que proíbe que colaboradores exerçam funções na administração pública. Em publicação nas redes sociais, a jornalista falou sobre a estreia no canal do governo federal. “Um trabalho que me enche de orgulho e entusiasmo! Estreia dia 27 de março, na TV Brasil. Semana Passado Presente – Ditadura e Democracia. Uma reflexão necessária sobre o Brasil neste momento de reconstrução”, escreveu na legenda de uma publicação com o vídeo da chamada do especial.