Não é só a equipe do Balanço Geral Manhã que não está feliz com o retorno de Geraldo Luís ao telejornal. Boa parte das afiliadas da Record pelo país acompanham com apreensão a enésima movimentação feita na tentativa de barrar o crescimento do Primeiro Impacto, consolidado na vice-liderança há três anos. Para as parceiras da emissora, é uma questão de tempo para que o apresentador se rebele para que o noticioso seja transmitido em rede nacional, ou pelo menos para boa parte das praças que integram o Painel Nacional de Televisão, o PNT.
Nos bastidores das regionais, o temor é de que os executivos repitam a mesma estratégia de 2015. Naquele ano, Luiz Bacci (que havia voltado para a Record após uma controversa passagem pela Band) ancorava o telejornal, que só era transmitido para o estado de São Paulo. Com bons índices de Ibope, a emissora se empolgou e decidiu que a atração passaria a ter um bloco veiculado para quase todo o país, com exceções pontuais no Nordeste e no Espírito Santo.
Para isso, a rede promoveu uma grande modificação em sua programação matinal. Diversos telejornais locais foram extintos e, consequentemente, uma série de profissionais foram demitidos, já que não havia espaço para remanejar os colaboradores que atuavam na produção daquela faixa horária. Além disso, a transmissão de um programa feito com grande foco no público paulistano afugentou os telespectadores das cidades, fazendo estrago na audiência dos noticiosos regionais transmitidos na sequência, por volta das 7h30.
Com a morte de Marcelo Rezende e a consequente promoção de Luiz Bacci para o Cidade Alerta, a edição nacional do Balanço Geral Manhã foi gradativamente esquecida e voltou a dar espaço para as produções feitas pelas afiliadas da Record. De lá pra cá, diversos apresentadores passaram pelo telejornal de São Paulo: em quatro anos, cinco âncoras foram testados na faixa horária — considerando apenas os que foram anunciados pela rede como titulares. Nenhum deles deu certo, e o público foi cada vez mais afugentado com as mudanças promovidas na faixa horária.
No entanto, nenhuma das modificações feitas até hoje envolvia um apresentador nacionalmente conhecido. E, mais do que isso, Geraldo Luís é conhecido nos bastidores da Record pelo tamanho de seu ego. É pouco provável que ele aceite ficar muito tempo acordando cedo, por volta das duas da manhã, para apresentar um telejornal que irá ao ar apenas para São Paulo. Pessoas próximas ao jornalista dizem que o fato dele batalhar para voltar a ter um espaço em rede nacional é tão óbvio quanto o sol nascer amanhã.