Em processo de reestruturação interna para cortar gastos, a Globo surpreendeu jornalistas ao determinar que a partir de agora os repórteres passarão a usar celular para se filmar durante participações ao vivo. Em reunião, a direção de Jornalismo da GloboNews, canal de notícias da rede na TV por assinatura, anunciou aos jornalistas que atuam na cobertura política de Brasília que eles receberão treinamento para usar o chamado “Kit Mojo” –opção de baixo custo para transmissões em tempo real que conta com smartphone, tripé, estabilizador, luz e microfone.
O que você precisa saber
- Depois das demissões em massa, os jornalistas da Globo precisarão se adaptar a um novo modelo de trabalho;
- Os diretores da líder de audiência avisaram aos repórteres da GloboNews que eles próprios terão que filmar suas entradas ao vivo;
- Os profissionais serão treinados para operar um kit que conta com smartphone, tripé, estabilizador, luz e microfone;
- A iniciativa, já adotada pela CNN Brasil e pela Jovem Pan News, escancara o corte de gastos na empresa.
Segundo informações do colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, profissionais que trabalham em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo estão com medo de que a prática também se estenda até eles futuramente. O receio entre editores da companhia é de que a prática cause interferência na qualidade técnica dos telejornais. Atualmente emissoras com CNN Brasil e Jovem Pan News já utilizam os equipamentos para jornalismo móvel. O videorrepórter faz sozinho o trabalho de uma equipe inteira de reportagem, normalmente composta por três pessoas: repórter, repórter cinematográfico e auxiliar.
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Na GloboNews, a prática de videorrepórter foi usada em coberturas como de George Floyd (1973-2020), nos Estados Unidos, e em situações específicas em Brasília. No entanto, de acordo com a publicação, a partir de agora a “autofilmagem” passará a fazer parte da rotina dos jornalistas do conglomerado de mídia. Ao Metrópoles, a Globo explicou. “Toda a Globo usa o chamado Kit Mojo, uma tecnologia móvel que usa celulares. Recentemente, muitos repórteres chegaram a Brasília para trabalhar em pontos de vivo fixos. Houve reunião para apresentar a tecnologia a eles, que será acrescentada aos pontos de vivo fixos já existentes. Contratações de cinegrafistas, quando necessárias, não deixarão de ser feitas”.
No último final de semana, o advogado Dayvson Moura levantou uma discussão sobre o assunto nas redes sociais ao compartilhar a foto de uma repórter da InterTV, afiliada da Globo, segurando uma câmera enquanto trabalhava. “Gente, isso não pode ser normalizado no jornalismo. A jornalista agora tem que ser operadora de câmera e repórter ao mesmo tempo?”, lamentou ele em seu perfil em um microblog. A publicação foi compartilhada por diversas páginas nas plataformas, atingindo a marca de mais de 3,7 milhões de visualizações apenas em uma postagem.