Sonia Abrão rebateu as críticas que recebeu por causa da cobertura do caso do sequestro que resultou na morte da jovem Eloá Cristina Pimentel (1993-2008), em São Paulo, em 2008. Em outubro daquele ano, Lindemberg Fernandes Alves, então com 22 anos, invadiu a casa da ex-namorada, que fazia trabalho de escola com amigos, e a manteve em cárcere privado por cinco dias. Em um dos momentos mais críticos, o criminoso que foi condenado a 39 anos de prisão pediu para conversar com a titular do A Tarde é Sua após já ter concedido uma entrevista para a equipe da jornalista.
O que você precisa saber
- Sonia Abrão diz não se arrepender de ter entrevistado Lindemberg Alves, sequestrador de Eloá Pimentel, ao vivo em rede nacional;
- “Foi o momento mais dramático da minha carreira. Faria tudo de novo“, disparou a apresentadora;
- Ela diz não ter medo de ser cancelada com o caso voltando ao radar da opinião pública com a nova temporada do Linha Direta.
“Sem dúvida, foi o momento mais dramático da minha carreira. Fui a única pessoa com quem ela falou, ainda no cativeiro, três dias antes de ser morta. Fiquei muito tensa e emocionada. Faria tudo de novo”, disse a comunicadora em entrevista à Quem. Na época, a jornalista foi criticada pelas autoridades e veículos de imprensa, além de ser acusada pelos telespectadores de sensacionalismo. O caso do sequestro e morte de Eloá será tema do primeiro episódio da nova temporada do Linha Direta na Globo, que estreia em 4 de maio. Sonia não será citada no episódio sobre o crime.
“Não tenho problema nenhum em me desculpar. Isto tanto na vida pessoal, quanto profissional. E faço de coração, nada a ver com o medo de ser cancelada, como acontece com muitos por aí”, disse ela, que afirma não ter sido cancelada por causa da entrevista com o sequestrador. “É comum acontecer com pessoas públicas, principalmente após o surgimento das redes sociais. Comigo não rolou, mas sou muito bem monitorada”, garantiu. Em fevereiro, Sonia Abrão comemorou 23 anos como apresentadora de televisão.
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Em entrevista ao UOL em 2014, Sonia Abrão contou como conseguiu conversar com o sequestrador Lindemberg Alves. “Nossa equipe estava atrás do telefone da casa da Eloá. Ligamos e ele atendeu. Aceitou falar e o repórter Luiz Guerra gravou a matéria. O Lindemberg assistiu ao programa e, quando nossa repórter ligou novamente, disse que queria falar ao vivo porque estava preocupado, não queria que o Brasil pensasse que ele era bandido”, detalhou a comunicadora.
“Estava apresentando o programa quando o diretor me avisou que o Lindemberg estava na linha. Com minha experiência jornalística, conversei com ele. E falei com a Eloá também. No meio da conversa, ele cortou e desligou. Todo mundo me assistiu, a polícia, a imprensa, o público”, disse a jornalista. Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá que chegou a ser liberada do sequestro e depois retornou para ajudar nas negociações, disse em depoimento no julgamento do sequestrador que a televisão do apartamento ficava ligada o dia inteiro para assistirem à repercussão do crime. “Só passava isso em todos os canais. Ele começou a se vangloriar, a se achar importante. Dava risada”, afirmou a vítima.
O sequestro terminou depois que policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) invadiram o apartamento afirmando terem ouvido uma explosão no local. Com a invasão, ouve uma troca de tiros e dois deles atingiram Eloá, causando a morte da jovem horas depois de ser socorrida. Nayara também foi atingida com um disparo, mas sobreviveu. Lindemberg foi a júri popular em fevereiro de 2012. Considerado culpado pelos 12 crimes dos quais foi acusado, a juíza Milena Dias o condenou a 98 anos e 10 meses de prisão. Em junho de 2013, ele conseguiu uma redução em sua pena para 39 anos e 3 meses de prisão.