Edney Silvestre, demitido da Globo após 30 anos de contrato, se aproximou de Sandra Annenberg e Gloria Maria (1949-2023) após ser transferido para produzir reportagens especiais no Globo Repórter. Em entrevista, o experiente jornalista de 73 anos contou que teve contato com Gloria na Redação do programa. A comunicadora morreu em fevereiro por complicações de um câncer no cérebro. De acordo com ele, o diagnóstico da doença foi ocultado nos bastidores da emissora carioca até que as internações dela se tornaram cada vez mais frequentes.
O que você precisa saber
- Edney Silvestre se aproximou de Sandra Annenberg e Gloria Maria (1949-2023) após ser transferido para o Globo Repórter;
- Em entrevista, o experiente jornalista de 73 anos contou que teve contato com Gloria na Redação do programa, antes dela se afastar do trabalho;
- Segundo ele, a comunicadora, que morreu em fevereiro deste ano, nunca contou nada para os colegas da emissora sobre o câncer que enfrentava.
“Ela se afastou lá por outubro ou novembro. Ela se sentava do meu lado lá no Globo Repórter, era uma grande contadora de histórias, muito divertida. E aí aconteceu isso, né? Nós nunca soubemos de nada por ela. Se você me perguntasse como ela estava, eu sinceramente não saberia dizer. Havia uma discrição muito grande, até porque se a doença dela fosse divulgada, envolveria duas adolescentes. Já pensou você ler a notícia de que sua mãe tem um câncer no cérebro? Mas todo mundo protegeu a Gloria e as meninas, até que não teve mais como segurar. Era uma internação atrás da outra, e então ela se foi”, disse em conversa com o Notícias da TV.
Edney Silvestre teve demissão amigável
Correspondente da Globo em Nova York de 1996 a 2002, Edney Silvestre participou de coberturas jornalísticas históricas, como a dos atentados terroristas de 11 de setembro, em 2001. O profissional foi vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura e do Prêmio Jabuti 2010 com o romance Se Eu Fechar os Olhos Agora, que em 2018 virou minissérie escrita por Ricardo Linhares e chegou a disputar o Emmy Internacional. Segundo o jornalista, a demissão do canal aconteceu de forma amigável e acolhedora pela equipe do Globo Repórter.
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“[A demissão foi] totalmente amigável. Eu fui chamado e teve uma linda carta, daquelas cartas que agora nem tem mais. O Ali escreveu lindamente, minha Redação do Globo Repórter fez uma festa para mim, me deram um bonequinho… Não foi nada traumática. A Globo é uma empresa e, assim como toda empresa, ela te contrata quando está interessada em seus serviços”, analisou. Edney Silvestre diz que a TV nunca mais será como antes. “Seu voltar para a TV, isso não existe mais, aquela TV não existe mais. Hoje existe um outro tipo de noticiário, não melhor ou pior, apenas um outro tipo”, decretou.
Amizade nos bastidores do Globo Repórter
Edney Silvestre explicou que, como desenvolvia um curso de escrita criativa, teria que conseguir autorização especial da Globo para vender o projeto. Ele explicou que foi dispensado pela Globo três meses antes da saída oficial, em janeiro. “Muito gentilmente, o Ali Kamel me avisou três meses antes, inclusive me deu a liberdade de ir ou não trabalhar. Eu estava fazendo o Globo Repórter na época e continuei. Eu adoro a Redação, é a única coisa de que eu sinto falta: da minha convivência e dos meus colegas. Todos os meus colegas de Globo Repórter sabiam, e ninguém comentou nada”, explicou.
Ele também contou que ficou muito amigo de Sandra Annenberg com a convivência diária na Redação do Globo Repórter. “Adoro a Sandra, ficamos muito amigos no Globo Repórter, mas já nos conhecíamos por vídeo, porque ela apresentava o Jornal Hoje, e eu fazia entradas ao vivo lá de Nova York, então a gente conversava, mas era só isso. Quando eu voltei em 2002 ao Brasil, estava fazendo uma série pro Jornal Nacional, aí fomos jantar e tivemos logo aquele sentimento de que ela era minha amiga desde a infância. Depois ela passou para o Globo Repórter, e ficamos ainda mais amigos”, concluiu o jornalista.