Silvio Santos pode ter se afastado das decisões do cotidiano do SBT, mas criou discípulos para continuar com seu legado: depois de apenas uma semana no ar, a revista eletrônica Chega Mais virou alvo de uma intervenção organizada por Iris Abravanel. Incomodada com os conteúdos exibidos pelas primeiras edições do matinal, a novelista (e mulher do dono da rede) determinou que a pauta do matinal passe cada vez mais por temas populares, deixando os conteúdos elitizados da primeira semana em segundo plano. As mudanças já poderão ser vistas a partir desta segunda, dia 18.
A reportagem do TV Pop apurou que o incômodo de Iris Abravanel surgiu logo na segunda edição da revista eletrônica, quando o matinal exibiu por mais de meia hora uma receita de carne suína recheada com ervas, frutas vermelhas e avelãs. A primeira-dama do SBT avaliou que o prato preparado por Regina Volpato não fazia sentido para o público que o canal planeja conquistar com sua nova atração, e pediu para que a culinária do Chega Mais siga o mesmo molde do Mais Você e do The Chef, focando em pratos de baixo custo e com ingredientes acessíveis para todos os públicos.
Para explicitar sua insatisfação com as iguarias preparadas pelo formato, Iris enviou até mesmo um memorando para a direção do programa. Em seu texto, a mulher de Silvio Santos considerou os primeiros pratos exibidos pelo Chega Mais como “excêntricos” e afirmou que os pratos não condiziam com a realidade do público habitual da emissora. Ela determinou que a atração foque no que ela chama de “culinária de reaproveitamento de alimentos” e deu exemplos do que gostaria de ver como ingredientes — “aproveitar casca de cebola, casca de frutas, legumes e restos de feira”.
A correção de rota do matinal do SBT começará já nesta segunda-feira: depois de uma semana exibindo receitas como bolinho de arroz cítrico com linguiça Blumenau e salmão semi-grelhado com molho ponzu, a atração exibirá um churrascão organizado por Marcão do Povo, com o gancho de divulgar a estreia do jornalístico Tá na Hora. Outra mudança será a faixa horária da culinária: até então restritas para a Grande São Paulo e regiões sem programação local, as receitas deixam o almoço e passam a fazer parte dos conteúdos da edição nacional do programa, exibida até 11h30.
Chega Mais teve primeira semana problemática
A intervenção arquitetada por Iris Abravanel foi apenas o ápice dos problemas de bastidor da primeira semana do Chega Mais: a rede esperava ser mais competitiva e se frustrou com os primeiros resultados de audiência da atração, que passou mais tempo atrás da Band do que na vice-liderança — das cinco edições levadas ao ar até a publicação deste texto, apenas uma teve êxito na missão de incomodar a Record. Fora de São Paulo, a situação é mais caótica: são várias as praças em que o formato já flerta com o traço de ibope, afetando o horário local das afiliadas.
Há uma grande pressão de diversas parceiras do SBT para que as viradas locais sejam revistas o quanto antes, com a volta dos trinta minutos dados para o Primeiro Impacto nacional (das 7h30 às 8h) e com a retomada da entrada da programação regional vespertina às 11h em ponto, e não mais às 11h15 ou 11h30. A rede, por sua vez, insiste em pedir para que suas retransmissoras consigam segurar as pontas durante a implementação das novas atrações.
Além do problema com suas afiliadas, a emissora também precisou administrar uma crise entre a equipe do Chega Mais: o trabalho de Carlos Aleixo, diretor-geral do programa, é questionado por boa parte dos profissionais que atuam no matinal. Habituado ao Domingo Legal, que exige muito menos esforço que um programa diário e majoritariamente factual, ele tem tido dificuldades para se adaptar ao novo ritmo de trabalho, sobrecarregando uma pequena parcela dos 50 colaboradores da revista eletrônica, enquanto outros estão praticamente sem função.