Depois de uma gigantesca treta judicial, a Disney finalmente lançará o seu novo serviço de streaming no Brasil. O Star+ chega oficialmente ao país nesta terça-feira (31) e não irá praticar preços lá muito atrativos: a plataforma cobrará R$ 32,90 em seu plano mensal, R$ 329,90 no plano anual e o Combo+, que inclui junto o Disney+, custará R$ 45,90. O novo serviço terá conteúdos da Disney Television Studios, ABC, FX, 20th Century Studios, 20th Television e da Touchstone, além da transmissão ao vivo de eventos esportivos do quase finado Fox Sports e da ESPN, como a NFL, LaLiga, Premier League e Libertadores.
A nova plataforma está envolta por polêmicas antes mesmo de nascer, já que a nova empreitada do conglomerado Disney não teve um esquema padrão para todo o mundo. Na Europa e na Ásia, a empresa extinguiu boa parte de seus canais na TV por assinatura e decidiu focar apenas no Streaming. E, com o fim da Fox internacionalmente, foi criada uma aba Star dentro do próprio Disney+, com conteúdos mais adultos, por um aumento na mensalidade em cerca de dois euros.
Já para a América Latina, a companhia criou um outro aplicativo, que você precisa assinar separadamente para ter acesso aos conteúdos não familiares, enquanto o Disney+ ficará com o mesmo conteúdo que tem atualmente. Caso você assine os dois, a mensalidade terá um desconto, em um esquema parecido com o Hulu na América do Norte (a diferença é que o camundongo tem apenas 66% de controle da plataforma por lá).
Um dos maiores problemas do novo serviço é a sua dona subestimar o poder da TV linear e achar que os seus títulos são o suficiente para angariar assinantes para uma segunda assinatura. Já é notícia que eles querem fechar mais de 100 canais em todo o mundo, e o Brasil será claramente afetado. A começar pela Fox Sports, que atualmente, após o CADE autorizar sua fusão com a ESPN, teve sua programação ao vivo extinguida e trocada por torneios geralmente pré-gravados, além reprises de atrações produzidas pela co-irmã.
Além da ideia problemática de diminuir sua presença na televisão, o novo serviço da Disney foi muito afetado pelo a processo envolvendo o nome da plataforma, movido pelo StarzPlay. A Lionsgate, dona da marca Starz, acionou sua rival na Justiça alegando plágio, já que o nome dos dois serviços poderia provocar confusão nos clientes por conta das fonéticas semelhantes. Com isso, a empresa foi impedida de fazer qualquer menção ao nome Star+ até pouco tempo atrás, quando chegaram a um acordo com a concorrente, estimado em cerca de R$ 50 milhões, para a tão esperada liberação do uso da marca.
Mesmo com o catálogo recheado de séries premiadas como Grey’s Anatomy e This is Us, e conteúdos originais como Love, Victor e Big Sky; um app semelhante ao seu irmão familiar deverá ter dificuldades para conseguir se impor em um mercado tão saturado, ainda por cima em um país que sofre com a desvalorização de sua moeda. As pessoas mais interessadas no momento são aquelas que gostam de esportes, enquanto os amantes do cinema e das telinhas ficam indignados com o seu preço.
Mateus Ribeiro é engenheiro por formação, e nas horas vagas se diverte maratonando séries e assistindo programas de origem duvidosa da televisão brasileira. No TV Pop, escreve semanalmente sobre as séries produzidas pela indústria norte-americana. Converse com ele pelo Twitter @omateusribeiro. Leia aqui o histórico do colunista no site.