A saída de Murilo Fraga já causou uma mudança visível no SBT. Os profissionais que davam expediente presencial na sede da emissora foram surpreendidos no final da tarde desta segunda-feira (30) com a instalação de uma série de totens com os resultados de audiência de toda a programação no Painel Nacional de Televisão. A engenhoca surgiu a partir de uma ordem dada por Daniela Beyruti, que instituiu uma política de tolerância zero aos programas. A vice-liderança, até então deixada de escanteio, voltou a ser um objetivo urgente para a filha de Silvio Santos (1930-2024).
O TV Pop recebeu, com exclusividade, uma foto que mostra um dos totens instalados nas dependências da emissora. Nos telões gigantes espalhados por todo o SBT de São Paulo, a emissora não deixa sequer margem para eventuais dúvidas. Os monitores contam com apenas uma única arte, de fundo azul, com o nome de todos os programas atualmente transmitidos pela rede. As atrações vice-líderes de audiência figuram em retângulos verdes, enquanto os programas que perdem para a Record (e para a Band, como o Chega Mais Notícias) surgem em retângulos brancos.
A nova iniciativa de Daniela Beyruti causou espanto entre funcionários e diretores. Até então, todos os programas trabalhavam com a orientação de que os números de audiência não deveriam ser uma prioridade, e sim uma consequência e fruto da construção de hábito entre os telespectadores. Isso, no entanto, parece ter ficado no passado. A iminência de um prejuízo milionário provocou uma correção na rota da herdeira de Silvio Santos, que voltou a mirar a vice-liderança custe o que custar.
Márcio Esquilo, diretor do Fofocalizando, foi um dos que não fizeram a mínima questão de disfarçar o incômodo com o Mural da Vergonha — como foi batizado pelos colaboradores. É quase que unânime que a engenhoca criada pela vice-presidente da emissora é uma iniciativa vexatória, feita apenas com o intuito de acirrar ainda mais a competição entre os produtos da rede. Além disso, muitos defendem que a exposição acontece em um momento ruim, quase que imediatemente depois de quase todos os programas terem sofrido com cortes de pessoal e de verba.
As demissões e cortes de orçamento, por sinal, ainda não pararam. Já é fato de que todos os formatos do canal vão precisar abrir mão de ainda mais profissionais. Nem mesmo o Domingo Legal, que ocupa quase sete horas da programação da rede, conseguirá passar ileso ao movimento, que tem rendido diversas cenas constrangedoras nas últimas semanas. Antes da criação do Mural da Vergonha, o SBT cortou até mesmo o uso de impressoras em suas produções — algumas tiveram o equipamento simplesmente apreendido, enquanto outras pararam de receber folhas brancas.
Nome do novo braço-direito de Daniela Beyruti já é dado como certo
Antecipada em primeira mão pela reportagem do TV Pop, a contratação de Mauro Lissoni passou a ser dada como certa nos mais diversos setores do SBT no início da noite desta segunda. Ele é responsável atualmente pela área de Programação e Conteúdo da Rede Massa, afiliada da rede no Paraná, e deverá se transferir para São Paulo para ocupar o cargo deixado por Murilo Fraga. É, na verdade, quase que uma volta as origens — ele comandou a área entre 1982 e 2005, quando se transferiu para a Band.
Lissoni, oficialmente, nega que esteja fazendo suas malas e, quando questionado, diz que “já virou praticamente um curitibano”. O discurso, no entanto, não convence mais quem convive com o executivo diariamente na Rede Massa. Há um consenso de que ele irá apenas concluir o processo de reestruturação da emissora, iniciado na última quinta-feira (26), antes de anunciar sua volta para São Paulo. Ele tem a bênção de Ratinho para sua transferência, que já é dada como fato consumado nos bastidores do Grupo Massa e até mesmo no Governo do Paraná.
