Manuela Dias afirmou que evoluiu a trama do casal lésbico de Vale Tudo (1988) em sua versão na TV Globo. A autora conversou com o TV Pop e outros colegas da imprensa em coletiva de imprensa que aconteceu online, e deu detalhes de como desenvolverá a história de Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska), que se tratavam como amigas na história original, mas terão a oportunidade ser um casal abertamente na releitura. As duas personagens serão interpretadas por Maeve Jinkings e Lorena Lima.
Apesar de entender que a trama do casal sofria com a censura da época, a escritora avaliou que já havia um esforço dos autores de inserir representatividade na história. “Já existia um esforço de representatividade que dialogava com o que a sociedade conseguia absorver naquele momento. E é uma satisfação ver que a gente andou um pouco”, afirmou ela.
Christina Rocha explica trabalho na Globo e conta que está em momento de reinvenção
Passaia vira queridinho do público e Balanço Geral marca mais que o dobro do SBT
Lorena Lima destacou a importância de dar visibilidade a esse tipo de casal na dramaturgia. “Já existe um registro sobre casais homoafetivos na teledramaturgia brasileira. Então, como é que a gente faz para mostrar suas histórias e dar visibilidade a elas? Acho que isso é um ponto que a gente está tendo muito zelo, muito cuidado também”, declarou a nova intérprete de Laís.
Maeve Jinkings também ressaltou quanto é importante mostrar o amor na televisão, principalmente em Vale Tudo. “Acho que obras audiovisuais são um retrato. Você tira um retrato da alma de um país em um determinado momento, e não só o que a gente faz, mas como ele chega ao público e o atrito que cria também fazem parte”, declarou a atriz.
“Mudamos muito. Ali [em 1988], a gente tinha saído recentemente da ditadura [militar, 1964-1985], ainda passando, inclusive, por censura. É uma novela que é marcada por isso, com um país desejando falar de si. A partir das personagens, o amor entre duas mulheres não só é um traço que permanece, mas agora a gente vai falar para um outro país, que muda, mas que também se agarra em muitas coisas e resiste às mudanças.
A artista lembra que muitos preconceitos permanecem. “A gente tem essa sensação de que caminhamos tão pouco, a gente fica querendo voltar nesse obscurantismo. No entanto, nós caminhamos”, continuou.
A atriz de Vale Tudo relembrou um argumento que o diretor artístico Paulo Silvestrini usou nos bastidores ao relembrar uma entrevista da década de 1980 que tinha uma declaração mais do que polêmica. “‘Você acha que homossexuais têm que morrer? Acho que sim. Acho que merecem morrer’…” Hoje em dia, isso já não é aceitável. Existe no mínimo um constrangimento, ou seja, caminhamos, sim”, concluiu a atriz.