Débora Bloch fez uma análise sobre o comportamento da vilã Odete Roitman, vivida por Beatriz Segall (1926-2018) na primeira versão de Vale Tudo (1988) e defendida por ela no remake da TV Globo. A artista avaliou que as falas da megera são atuais e facilmente encontradas em uma parcela da população, que é elitista e não concorda em viver em um país como o Brasil.
“Odete encarna a elite do atraso. Ela reclama que o Brasil é um país subdesenvolvido, mas não percebe que o pensamento dela que é responsável por isso. Trinta e sete anos atrás, já representava um pensamento retrógrado, uma visão de mundo pouco humanista, focada no lucro e na meritocracia. Quando a gente pensou que ia viver a volta de ideias tão conservadoras e autoritárias? Odete, infelizmente, é superatual”, afirmou a atriz, em entrevista ao jornal O Globo.
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Débora Bloch garantiu que, apesar de não ser nada parecida com a vilã, se diverte em interpretá-la. “Está aí uma personagem totalmente diferente de mim. O texto é muito bom e estudá-lo é um barato, acabo me divertindo com a personagem. Ela tem certa inteligência e um sarcasmo que traz humor. Também não convivo com mulheres como Odete, mas claro que conheço algumas. Costumam ser prepotentes, narcisistas e jogam com o poder e o dinheiro. Sei bem como funcionam”, declarou.
Sobre o visual da personagem, muito comentado e aguardado pelo público, a atriz afirmou que sempre dá risada ao se ver no espelho. “Na parte da caracterização, uso um cabelo engraçadíssimo, parece um capacete. Quando me vejo pronta, tenho acessos de riso. Não tem nada a ver comigo”, se divertiu.
A veterana também comentou sobre os relacionamentos que Odete Roitman vive com homens mais novos. “Já na primeira versão da novela, ela tinha amantes e vida sexual ativa, mas era tudo insinuado. No remake, a personagem vai se relacionar com homens mais jovens. Agora, a mulher de 60 anos é colocada para jogo. Não é o caso da Odete, mas as maduras também estão no jogo para relações afetivas. Me apaixonei aos 55 anos. Podemos recomeçar e ser potentes em todas as idades”, avaliou.
Por fim, Débora Bloch relembrou situações de abuso que já enfrentou. “Sentia um desconforto em determinadas situações, mas, naquele tempo, não sabia nomeá-las. Hoje, olho para trás e entendo por que certos episódios me provocaram tanto mal-estar. Existia assédio no trabalho e na vida”, concluiu.