Veruska Donato pegou a todos de surpresa ao anunciar a demissão da Globo no início de novembro após 21 anos. Em entrevista ao canal da jornalista Luciana Liviero, a repórter explicou os motivos que a fizeram decidir pela saída da emissora. Segundo ela, um dos motivos para sair foi a carga das reportagens que ela fazia como fome e morte.
“Eu fiz muita matéria sobre fome no Jornal Hoje e no SPTV. Eles me colocavam para fazer e se não colocassem eu ia pedir para fazer. Só que aquilo me destruía todas as vezes. Eu voltava para casa e não tinha com quem dividir isso. Em São Paulo você não consegue parar para conversar com as pessoas, sobre a vida delas, para perguntar se ela está bem. Eu me sentia sozinha passando por isso. Eu tinha o amor da minha vida me esperando para ficar com ele, minha mãe doente, eu já sem perspectiva de ir para frente e subir na carreira onde eu estava”, contou.
A repórter declarou que se sentia sozinha na capital paulista. “Tendo que todos os dias ter que lidar com mortes, eu fiquei mal. Eu fazia reportagens bacanas de cura, mas eu me via só. Tinha acabado de entrar no Jornal Nacional, mas eu via um monte de gente morrendo, chegava em casa não tinha quem abraçar. Eu não posso pedir isso para minha filha, porque eu tenho que ser madura. Eu precisava de uma amiga, mas minhas amigas eram todas da TV, todas desesperadas, todas tentando cuidar de suas famílias de longe, então… não sobrava pra mim”, disse Veruska Donato.
A jornalista reportou um quadro de depressão. “Eu tenho histórico de depressão na família, meu pai se matou quando eu tinha 16 anos de idade. Eu fiz uma proposta de documentário sobre suicídio e depressão para o Globoplay, mas eles acharam algo muito pesado e que não valia fazer um documentário neste momento”, relatou. “No meu caso [a depressão], foi por excesso de trabalho. Eu acho que é o momento sim [de falar sobre depressão]. Tem que parar com essa besteira e discutir isso. Passar por isso, ver meu pai lutar para sair dessa doença e ele não conseguiu… eu sei como que é”, disse.