O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) decidiu seguir com um processo que investiga a Globo por suposto monopólio nos direitos de transmissão do futebol brasileiro. De acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (2), a continuidade do caso para 2022 chamou atenção porque o órgão governamental não faz diligências sobre o assunto desde abril. Com isso, a investigação está paralisada há sete meses.
No pedido para que as investigações sejam mantidas, o coordenador-geral do Cade, Felipe Neiva Mundim, afirma em nota técnica que o material colhido é muito complexo e que precisa de uma análise minuciosa para se obter um parecer mais correto. As informações foram reveladas pelo colunista Gabriel Vaquer, do Notícias da TV.
“Tendo em vista as especificidades do setor, o volume de informações constantes dos autos, as demais circunstâncias do caso concreto e a necessidade de complementação da instrução realizada, faz-se necessário tempo adicional para que os elementos trazidos aos autos possam ser analisados com a profundidade necessária e esperada”, diz trecho do documento.
A superintendência-geral do Cade concordou com o argumento e a renovação das investigações foi concedida sem maiores questionamentos. “Tendo em vista as circunstâncias do caso concreto apontadas na Nota Técnica supracitada, decido pela prorrogação do presente Inquérito Administrativo”, determinou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
A treta entre o Cade e a Globo
O Cade deu início ao processo de investigação sobre suposto monopólio da Globo em 2019. Segundo o Notícias da TV, a princípio o inquérito tinha como finalidade esclarecer a suposta desvantagem do contrato do Fortaleza com a WarnerMedia para o Campeonato Brasileiro. No entanto, em 2020, o conselho do órgão transformou o processo em uma investigação contra a líder de audiência. Os clubes alegaram receber menos dinheiro da Globo depois que assinaram contrato com a Warner.
A rede carioca argumentou que essa questão já estava resolvida numa investigação feita pelo próprio Cade em 2016. Mesmo assim, o órgão deu continuidade ao processo e tentou correr atrás dos contratos da Globo com a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). A entidade chegou a defender a empresa de televisão afirmando que ela é a única que cumpre contratos com os torneios de vôlei e que não vê monopólio. A Globo diz que já foi investigada em outras oportunidades, mas que nunca foram encontradas irregularidades.