Ainda com audiência abaixo das expectativas, a Jovem Pan News decidiu apelar para tentar conquistar público nos finais de semana. Sem aviso prévio, o canal de notícias mudou sua programação mais uma vez e estreou no sábado (11) uma espécie de versão brasileira do Alarma TV. O genérico do programa mais violento do mundo foi batizado de Flagrante JP e em nada deixava a desejar ao original americano, que foi transmitido pelo SBT até o final de 2020. Para apresentar o telejornal policial, a emissora escalou William Travassos, que já comandou atrações do gênero na Record.
Em sua primeira edição, o Flagrante JP usou e abusou de clichês para tentar conquistar o público. Com reportagens longas e quase que totalmente produzidas com base em vídeos da internet, ele não fazia questão sequer de sinalizar as cidades em que aconteciam os casos escabrosos. Travassos, mais alterado do que quando comandava o Cidade Alerta e o Balanço Geral Manhã, virou uma versão com sotaque carioca de José Luiz Datena. Aos berros, o jornalista sugeriu várias vezes que quem estivesse insatisfeito com o programa ligasse “para a sua mãe” para reclamar.
Ao decorrer do telejornal, o apresentador também apostou em várias frases de efeito para comentar as reportagens. Em diversas situações, ele sugeriu que policiais “descessem o pau” em bandidos e, ao analisar o aumento da criminalidade em São Paulo, chegou até a tirar os seus óculos para insinuar que a culpa seria do PSDB e do governo de João Doria, dizendo que não sabia se isso era um fruto da “frouxidão” governamental ou de uma eventual cumplicidade dos órgãos públicos. O âncora, no entanto, defende que o Alarma TV tupiniquim não é um telejornal policial.
“O Flagrante é um programa de segurança pública. Eu faço isso desde 2006 e agora voltei”, afirmou. A frase, repetida em incontáveis momentos da estreia do jornalístico, foi desmontada logo com o último conteúdo transmitido pela primeira edição do programa. Para encerrar o suposto programa sobre segurança pública, a Jovem Pan apostou na exibição de um vídeo de uma adolescente de 13 anos que teve os cabelos sugados pelo ralo de uma piscina no Piauí. O caso, evidentemente, não tem absolutamente nada a ver com a segurança pública.
A nova atração da Jovem Pan conta com a direção de Mariana Ferreira. A jornalista trabalhou na Record durante mais de 17 anos, entre janeiro de 2003 e março de 2020, quando foi desligada da função de editora-chefe do Cidade Alerta, que atravessava uma de suas melhores fases na audiência. No mesmo mês, foi contratada pelo SBT e passou a atuar na chefia de reportagem do Primeiro Impacto — sua passagem pelo telejornal foi curta e chegou ao fim em maio. Depois, foi coordenadora de conteúdo da CNN Brasil até junho, quando se tornou produtora executiva da Jovem Pan.