Nem mesmo os funcionários da Globo estão digerindo bem algumas das últimas mudanças de contenção de custos da empresa. Nos bastidores da emissora, não são poucos os colaboradores que passaram a dizer que a líder de audiência “se transformou na RedeTV! com mais dinheiro”. O motivo? O excesso de ex-participantes do Big Brother Brasil em seu casting, a utilização de cenários virtuais em programas jornalísticos e na dramaturgia e a venda da sede paulistana do conglomerado de mídia, que passou — literalmente — a morar de aluguel, tal qual no meme Perdeu Tudo.
A piadinha, no entanto, tem sido vista também como uma forma de disfarçar o receio provocado pelos cortes e otimizações financeiras feitas intensificadas nas últimas semanas: a reportagem do TV Pop apurou que o clima na Redação do Jornalismo de São Paulo é digno de um filme de terror. Reservadamente, profissionais da chefia dos jornalísticos de rede produzidos nas instalações da Berrini já vinham perguntando para membros das equipes se eles aceitariam se transferir para o Rio de Janeiro. Muitos haviam interpretado o questionamento como uma possível promoção.
O questionamento, porém, não foi um sinônimo de ascensão profissional. O anúncio da venda do prédio que abriga a Globo na capital paulistana por R$ 522 milhões, que acabou virando público no sábado (18), reavivou os rumores de que a emissora planeja descontinuar praticamente todo o seu núcleo de produção na cidade. No início do ano, a rádio-corredor chegou a ventilar que todos os telejornais nacionais passariam a ser gerados do Rio de Janeiro, deixando São Paulo apenas com os seus três noticiosos regionais.
Os rumores da transferência do Hora 1, Jornal Hoje e Jornal da Globo para o Rio de Janeiro voltaram a ganhar força com o vazamento da notícia de que os estúdios paulistanos foram vendidos. A emissora ainda não havia oficializado a notícia para os seus funcionários, e só planejava o fazer no início do próximo ano, após a retomada dos esquemas normais de expediente, evitando pânico e apreensão entre os colaboradores que estivessem de folga. A decisão de segurar a informação, sem contar com o trabalho dos sites especializados, acabou provocando exatamente isso.
Apesar de ter garantido o aluguel de seu atual complexo de estúdios e de produção por pelo menos 15 anos, a líder de audiência não deverá permanecer em seu atual endereço por muito tempo. Os executivos da empresa já estão em busca de um terreno menor para construir uma nova sede para o conglomerado na terra da garoa, mas as negociações continuam engatinhando. Será a terceira vez que a emissora mudará de endereço em São Paulo. Entre 1966 e 1969, o canal operava na Rua das Palmeiras. Depois, de 1969 até 1999, foi a vez do complexo da Marechal Deodoro.
A reportagem do TV Pop entrou em contato com a Central Globo de Comunicação e perguntou quais são os próximos passos envolvendo a venda da sede de São Paulo e questionou se a emissora já tem algum plano para abandonar os estúdios da Berrini. Porém, o departamento não se manifestou até a publicação deste texto.