Neste domingo, dia 28, a TNT irá transmitir a 78ª edição do Globo de Ouro, com apresentação de Tina Fey e Amy Poehler, a partir das 22h. A cerimônia já é bastante conhecida por abrir a temporada de premiações do cinema e TV e nesse ano virá recheada de acusações de corrupção contra a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, organizadora do evento.
Quando a lista de indicados é divulgada, já virou habitual as redes sociais serem inundadas com nomes de produções que foram esnobadas, mas nesta edição uma roubou a atenção: I May Destroy You, série criada e protagonizada por Michaela Coel, e que foi uma das mais elogiadas durante 2020, não teve nenhuma indicação; enquanto Emily in Paris, da Netflix, foi indicada ao prêmio. Fortemente criticada por ter personagens extremamente estereotipados e deslocados da realidade, a comparação entre os dois seriados chamou a atenção quando uma das roteiristas de Emily in Paris, Deborah Copaken, publicou em um jornal que I May Destroy You não era só o seu “programa favorito de 2020. É meu programa favorito de todos os tempos”.
Logo após toda a complicação da premiação, veio uma reportagem do Los Angeles Times revelando que a Netflix e Paramount, produtora de Emily in Paris, pagaram a membros da Associação passagens para Paris com hospedagem em hotel cinco estrelas e visita aos sets de gravação. Uma regra da organizadora impede os votantes a receberem presentes de produtoras e distribuidoras, mas não quer dizer que não possam aceitar viagens assim. O mesmo jornal também revelou que das 87 pessoas ativas e que votam, nenhuma é não-branca, podendo também explicar a falta de indicações para a série de Coel, além dos filmes Destacamento Blood e Music.
Não é de hoje que premiações americanas têm suas escolhas questionadas. Em 2015, o Oscar começou a ter sua credibilidade posta em cheque devido à falta de diversidade e, logo após o estouro da hashtag #OscarsSoWhite, a Academia prometeu mudanças, com Moonlight levando a maior estatueta no ano seguinte e, ainda hoje, com Parasita vencendo em 2020.
Mateus Ribeiro é engenheiro por formação, e nas horas vagas se diverte maratonando séries e assistindo programas de origem duvidosa da televisão brasileira. No TV Pop, escreve semanalmente sobre as séries produzidas pela indústria norte-americana. Converse com ele pelo Twitter @omateusribeiro. Leia aqui o histórico do colunista no site.