O BTS é um fenômeno, poucos não notariam isso. Numa manobra de atrair o exército de fãs do grupo coreano, o show Permission To Dance On Stage foi transmitido para cinemas selecionados do mundo inteiro, permitindo que fãs tivessem pelo menos parte da experiência de ver o fenômeno de perto.
Como um entusiasta do cinema e suas constantes evoluções, fui, curioso, avaliar como o show seria transmitido. Já havia visto uma apresentação de k-pop anteriormente, Monsta X: The Dreaming, mas que foi pré-gravada e editada para ser mais apresentável como um “filme-concerto”. O BTS, no entanto, fez uma dupla apresentação no último dia 12, às 15h00 e às 19h00 que aparentemente foi pré-gravada.
Os cinemas transmitiram o vídeo diretamente de Seul, capital da Coreia do Sul, onde o show foi realizado. As dificuldades para o ARMY encontrar seu lugar começaram aí: em se tratando de uma transmissão ao vivo, poucos cinemas tem equipamentos para recepcionar sinais ao vivo, o que resultou em uma oferta limitadíssima de salas. Nos primeiros minutos da pré-venda que abriu no mês anterior, os primeiros exibidores que liberaram salas pelo Brasil já estavam com seus ingressos esgotados. Com o passar dos dias, mais pré-vendas eram liberadas e todas esgotaram muito rápido; consegui meu ingresso acompanhando novas aberturas.
Dentro do PlayArte Bristol, em São Paulo, uma das maiores salas de cinema de São Paulo com seus 432 lugares estava lotada de fãs vestidas a caráter, pais e filhas e um frenesi descontrolado. Na entrada, alguns brindes da banda e do Spotify agradam quem estava chegando. O cinema deixou o sinal da transmissão aberto na sala com o público se acomodando no Estádio Olímpico de Seul, assim como o público se acomodava no cinema. Enquanto vídeos de segurança e clipes da banda apareciam nos telões do palco, a sala foi enchendo.
Pontualmente às 15h, um vídeo abre o show: “We don’t need permission” (Não precisamos de permissão) e a banda começa a cantar “ON”. O setlist completo do show, a seguir:
- ON
- Fire
- Dope
- DNA
- Blue & Grey
- Black Swan
- Blood Sweat & Tears
- FAKE LOVE
- Life Goes On
- Boy With Luv
- Dynamite
- Butter
- Telepathy
- Wings
- Stay
- So What
- IDOL
Para quem estava no cinema, foi feito um agrado com um karaokê de ritmo enquanto a banda se preparava para voltar para o bis.
- Young Forever
Bis:
- HOME
- Anpanman
- Go Go
- Permission to Dance
O show em si seguiu a linha tradicional: coreografias (aqui, um destaque especial para Black Swan) unidas a um coordenado jogo de câmeras (Dynamite ficou bem legal) e uma produção de altíssimo nível.
Entre cada conjunto de 3 a 4 músicas, o grupo às vezes parava para conversar ou eram exibidos vídeos que serviam de interlúdio enquanto o grupo trocava o figurino e preparava o palco para as próximas sequências.
Dos diálogos, pouco posso dizer, já que nem eu nem as pessoas ao meu lado no cinema compreendiam o idioma coreano, que não recebeu legendas. Com conversas que levavam até 5 minutos, foi uma bola fora para os fãs. Já os vídeos contavam uma história baseada em Permission to Dance e com uma temática “missão secreta” mas que, olhando de longe, mais pareciam vinhetas do extinto CQC, da Band.
O final foi regado a uma forte chuva no Estádio Olímpico de Seul que não impediu em nada a atuação de Seokjin, Yoongi, Hoseok, Namjoon, Jimin, Taehyung e Jungkook.
Na sala de cinema, era verdadeiramente difícil diferenciar se os gritos histéricos vinham da plateia de Seul ou de quem estava ao meu redor na sala. E essa foi a cereja do bolo, porque a sensação era de estar no próprio lugar. A transmissão ocorreu sem travar ou decair em qualidade de imagem em nenhum momento, o que é, acima de tudo, louvável. Apesar disso, o vídeo estava com uma estranhíssima variação de quadros que permaneceu do começo ao fim, e o áudio saía apenas pelo som da frente da sala.
BTS Permission To Dance On Stage cumpriu um papel importante de unir seus fãs e fazer matar a saudade de uma apresentação ao vivo, dois fatores difíceis no cenário de pandemia que o mundo passou nos últimos anos. Para o caso dos shows exibidos no cinema, quem viu, viu e quem não viu, não vê mais. Porém há uma tendência de que as próximas apresentações sejam transmitidas no Weverse, que é o app da gravadora do grupo Big Hit Entertainment.
Galeria: BTS Permission To Dance On Stage
Caio Alexandre é entusiasta de cinema, exibição, animes e cultura pop em geral. Escreve desde 2008 sobre os mais variados assuntos, mas sempre assumiu a preferência pelo cinema e sua tecnologia embarcada. Autor convidado do TV Pop, fala sobre tudo que é tendência no universo da cultura pop. Converse com ele pelo Twitter, em @caioalexandre, ou envie um e-mail para [email protected]. Leia aqui o histórico do autor no site.