Gabriel Luiz, repórter da Globo em Brasília, mostrou pela primeira vez as cicatrizes deixadas em seu corpo após sofrer uma tentativa de latrocínio em abril deste ano. Em seu perfil em uma rede social, o jornalista compartilhou uma foto em que ele aparece na companhia do namorado, Lucas Machado, curtindo um dia ensolarado de praia. Na imagem, é possível ver os lugares em que o funcionário da emissora líder foi esfaqueado e as cicatrizes das cirurgias pelas quais passou posteriormente.
“Meu corpo carrega as marcas –-visíveis e invisíveis-– do que fizeram comigo. Mesmo convivendo em paz com elas, olho pra mim e vejo a violência do que foi e o susto do que poderia ter sido. As cicatrizes, principalmente as mais internas, são um lembrete diário. De esperança, muita gratidão e vida, mas também de indignação, de algo que nunca vai ser normal aceitar e que não deixa de doer. Eu vivo as consequências da inconsequência dos outros”, escreveu Gabriel Luiz na legenda da publicação.
“E pode parecer contraditório, mas depois disso eu precisei confiar ainda mais nos outros. Sei da minha força, mas é nos outros que encontrei o abraço pra me proteger, o apoio pra me levantar. Aprendi que não estou sozinho. Nunca foi só eu comigo mesmo”, finalizou o repórter da Globo. Na noite do dia 14 de abril, ele levou dez facadas e foi atingido no pescoço, no abdômen, no tórax, na perna, no estômago, no pulmão, no pâncreas e no diafragma, além do braço e do pulso.
Após passar por cirurgias de emergência no Hospital de Base, o jornalista foi transferido para a UTI do Hospital Brasília no dia 15 de abril, e recebeu alta da unidade médica no dia 6 de maio. O crime foi cometido por José Felipe Leite Tunholi, de 19 anos, que está preso, e por um adolescente de 17 anos, que está em uma unidade de internação para menores. Os suspeitos roubaram o celular e a carteira de Gabriel Luiz, que foram encontrados momentos depois, perto do local do assalto.
O Ministério Público do Distrito Federal denunciou José Felipe por tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) e corrupção de menor. Em caso de condenação, a pena dos dois delitos pode alcançar 19 anos de reclusão. “Aquelas imagens, aquela cena, passou tanto na minha cabeça que às vezes eu fico assustado mesmo. Eu estou na casa da minha família, não quero mais voltar no lugar onde eu estava. Já sabiam meu endereço”, disse Gabriel Luiz em entrevista ao Encontro com Fatima Bernardes.