Magda Burity, comentarista da edição 2020 do Big Brother Portugal, não retornou para as edições seguintes do reality show exibido na TVI, emissora detentora do reality show no país. De acordo com informações do jornal Extra, a jornalista foi dispensada com uma “mensagem simpática”, em que descreve como “palmadinhas nas costas”. Ela desabafa que por trás da renovação do elenco há racismo estrutural.
“Para se ter uma ideia, todos os outros comentaristas iam a outros programas da emissora e eu não. É como se fosse na Rede Globo. Os contratados vão à Ana Maria Braga, à Fátima Bernardes… Era uma forma de me inviabilizar. E eu pedia para ir aos programas, mas durante todo o tempo, nunca aconteceu. Comecei a sentir que estava sendo empurrada para foram de forma simpática. Até porque, se eu não era falada como as outras estrelas do canal, já seria um sinal de que eu não iria voltar”, contou a portuguesa, que tem 46 anos.
A apresentadora é filha de mãe angolana e pai moçambicano e foi correspondente de jornais portugueses em diferentes países da África. Foi parar na emissora portuguesa TVI depois de ter sido diretora de conteúdo do Big Brother da Angola e da África do Sul.
“Eu conhecia o novo diretor da emissora, já tínhamos trabalhado juntos na África do Sul, e pedi pela vaga. Até porque sei que reúno todas as habilidades para a função. Eu entendo que programas como este são formados pelas “fatias” da beleza, da celebridade instantânea, mas também a de bagagem profissional. Ao me tirarem, cortaram esse espaço. E é triste de ver que ocorreu em um momento que o país caminha para a extrema-direita”, desabafou.
Magda Burity não tinha um contrato de longo prazo com a TVI. Por isso, a dispensa não acabou parando na Justiça. Ela decidiu romper o silêncio como uma resposta às perguntas diversas de fãs e porque a emissora não emitiu comunicado algum sobre sua saída do Big Brother Portugal. “Decidi falar sobre isso agora porque não tenho medo. TV não paga minhas contas. Tenho minha empresa, dou aulas, mas via ali um espaço de representatividade. E eu falo de racismo, não porque há mágoas, sou bem resolvida, mas sofro com ele e racismo mata”, contou.
Conectada a outras edições do reality show da Endemol Shine pelo mundo, Magda já estava por dentro da discussão ocorrida no Big Brother Brasil, após Roldolffo comparar o cabelo do colega João Luiz com a peruca de homem das cavernas do castigo do monstro. Na segunda-feira, Tiago Leifert deu uma aula sobre racismo no programa e foram exibidas falas do professor de Geografia, assim como a de Camilla de Lucas. Eles foram elogiados por Magda.
“É superimportante ter um canal, como a TV Globo, falando abertamente sobre o racismo. Quando Camilla falou no ao vivo sobre o cabelo, eu chorei. Porque ela disse o que eu sinto e vivo. Todas essas questões cansam. Reality show é um espectro da sociedade e é uma forma de discutirmos comportamentos em praça pública, sem extremismos, e é uma forma de ajudar os seres humanos a se ajeitarem”, disse Magda Burity.