Intérprete de Zuleica no remake da novela Pantanal, a atriz Aline Borges passou por dificuldades financeiras e quase aceitou um convite da Record para participar do reality show Power Couple Brasil por um cachê de R$ 80 mil. A atriz contou em entrevista que recebeu a proposta pouco antes da crise sanitária causada pelo vírus da infecção respiratória, mas recusou integrar o elenco da atração da emissora do bispo Edir Macedo após ser escalada para um filme. Ela é casada com o também ator Alex Nader.
“Estávamos numa situação muito complicada. O dinheiro estava praticamente no fim quando recebemos esse convite. Não que eu tenha nada contra quem participa, mas era algo totalmente diferente dos nossos objetivos. A gente acabou decidindo que, se em uma semana não aparecesse nada, a gente aceitaria. Que se dane o que fossem pensar. Nos ajoelhamos e rezamos para aparecer algo. Acabou que, em poucos dias, fomos escalados para o filme Alemão 2”, contou a famosa em entrevista para a coluna da jornalista Patrícia Kogut, do jornal O Globo.
A situação de Aline melhorou após ela ser escalada para a novela adaptada por Bruno Luperi. Na história, ela vive a segunda mulher de Tenório (Murilo Benício). “A Zuleica é uma mulher forte e independente. Essa chegada ao Pantanal fez com que ela se recolhesse e se tornasse submissa ao marido. Ela vai precisar passar por todo esse processo para renascer e se encontrar novamente. Estou muito feliz de dar vida a uma personagem que traz tantas questões para serem refletidas. Ainda mais por estar cercada por atores tão geniais, como o Murilo e os outros mais jovens, que também são incríveis”, contou ela.
A atriz ainda comentou sobre a abordagem do racismo na novela Pantanal. “O Bruno [Luperi] resolveu trazer essa discussão tão pertinente e atual para a trama. Desde o início, ele quis a participação e a opinião do nosso núcleo em todas as sequências sobre o tema. Temos um grupo no WhatsApp com ele e, durante a novela, trocamos muitas ideias. Ele sempre foi muito aberto às nossas ponderações. Eu nunca tinha tido uma experiência assim na minha carreira”, elogiou.
“Eu demorei a me aceitar como uma mulher preta. E eu sou irmã gêmea de um homem preto retinto. Durante muito tempo, entre a infância e a adolescência, eu reneguei e tinha vergonha dele. Ele sempre era o alvo de brincadeiras racistas por onde fôssemos. Também na juventude eu tinha vergonha do meu nariz e cheguei a pensar em operar, algo de que eu teria me arrependido profundamente. Por isso, acho tão importante falar sobre o racismo e também empoderar profissionais pretos, para que outras pessoas olhem e se sintam representadas”, concluiu Aline Borges.