No mês passado, ao comemorar a marca de 200 milhões de inscritos, a Netflix demonstrou interesse em combater o uso indevido das suas assinaturas entre usuários que compartilham senhas, segundo o The Hollywood Reporter (em inglês). A mecânica se aproveita da quantidade de telas por conta e por perfil de usuário para que outras pessoas aproveitem uma só conta para assistir vários conteúdos ao mesmo tempo, não importa de onde seja.
É verdade que existem pessoas (e até sites) que vendem um acesso a conta pra poder diminuir a perda financeira que pode ser sentida se a pessoa usa a conta apenas para si mesmo, mas muitos simplesmente “emprestam” a conta para familiares ou amigos próximos a fins de favor ou até generosidade. E, apesar de estar atenta a isso, a gigante do streaming tem seus motivos. O CEO Reed Hastings e o COO Greg Peters foram categóricos em dizer que testam muitas coisas e tem que fazer sentido para os consumidores, mas enquanto fazem isso, querem assegurar de que as pessoas que estão usando uma conta da Netflix tenham permissão para tal.
A verdade é que há uma linha tênue entre a legalidade e a ilegalidade aqui, afinal, uma conta compartilhada com uma pessoa acaba trazendo uma pessoa para dentro do ambiente do serviço ao invés de deixá-lo consumir o produto por meios piratas. Além disso, motiva o dono da conta a manter uma assinatura em prol de sua utilidade. O teste, vale notar, não é tão brando assim.
Ao notar um acesso de alguém que aparenta não residir na mesma casa do pagante, o sistema solicita uma confirmação por mensagem de texto ou por e-mail, que são enviados a ele, que deve confirmar se o acesso é legítimo ou não. Há também uma opção de “verificar depois”, que permite o acesso de forma temporária e refaz a validação do acesso posteriormente.
E é a questão do local que a empresa está querendo observar, embora a motivação da Netflix supostamente venha da tentativa de inibir “acessos não autorizados”, que é uma preocupação legítima, de fato. Mas isso pode acabar sendo um tiro no pé da empresa. Hoje, um plano básico de assinatura do streaming custa R$ 21,90, com vídeo limitado a uma baixa resolução e apenas uma tela, ou seja, ideal para apenas um usuário que só quer assistir o catálogo sem se importar muito com a qualidade de imagem.
Já o plano padrão, com vídeo em Full HD e duas telas, já custa mais de 30 reais, o que já começa a limitar um pouco o público que deseja um pouco mais de qualidade. E o plano premium, que permite o uso em quatro telas e conta com vídeo na resolução 4K com HDR para quem procura qualidade máxima, beira os 50 reais. Para ser justo em ambos os lados, é até compreensível que alguém que possui um equipamento compatível com as tecnologias mais modernas do plano mais caro tende a ter condições de pagar o plano, mas que é caro, é.
A Netflix até tem alguns projetos para tentar fidelizar um possível cliente à plataforma, oferecendo episódios de suas séries originais de forma gratuita, mas, se o projeto de combater o compartilhamento de contas for para frente, será necessário mais do que isso para atrair a atenção dos órfãos do serviço que tendem a partir para a pirataria, que afeta até emissoras de TV.
Caio Alexandre é entusiasta de cinema, exibição, animes e cultura pop em geral. Escreve desde 2008 sobre os mais variados assuntos, mas sempre assumiu a preferência pelo cinema e sua tecnologia embarcada. Não dispensa um filme com um balde de pipoca e refrigerante com o boss no fim de semana. No TV Pop, fala sobre tudo que é tendência no universo da cultura pop. Converse com ele pelo Twitter, em @CaioAlexandre, ou envie um e-mail para [email protected]. Leia aqui o histórico do colunista no site.