O SBT denunciou a Globo ao DPJUS (Departamento de Promoção de Políticas de Justiça), órgão do Ministério da Justiça responsável pela classificação indicativa de programas de televisão, por causa da reprise de A Favorita (2008) no Vale a Pena Ver de Novo. O canal de Silvio Santos alegou que o conteúdo da trama de João Emanuel Carneiro é inadequado para o horário das tardes. Por causa da denúncia, o folhetim deixou de ser recomendado para menores de 12 anos. Agora, a história de Flora (Patricia Pillar) e Donatela (Claudia Raia) passou a ser exibida com o selo +14. A Globo discordou da decisão e recorreu, mas o DPJUS negou o pedido da líder e ainda ameaçou subir a classificação indicativa da novela para 16 anos, selo usado para produções com alto teor de nudez, sexo e palavrões.
De acordo com informações do colunista Gabriel Vaquer, do Notícias da TV, a briga do SBT com a Globo começou depois que o Ministério da Justiça implicou com as novelas mexicanas que são transmitidas no fim de tarde. A TV de Silvio Santos alegou que os critérios para classificação das obras eram diferentes para emissoras com conteúdos semelhantes. “Após recebermos constantes ofícios referentes à reclassificação etária de conteúdos exibidos pelo SBT, recebemos um questionamento de nossa diretoria de Programação sobre conteúdos exibidos em outras emissoras, como, por exemplo, a novela A Favorita, da Rede Globo, classificada como 12 anos, porém, possui elementos claros de 14 anos”, disse o SBT em e-mail enviado ao órgão do governo.
“O SBT busca sempre estar de acordo com as exigências do MJ e, mesmo quando há divergências e recebemos os ofícios, fazemos as devidas alterações dentro do prazo estipulado. Porém, notamos que outros veículos não sofrem o mesmo monitoramento”, alegou o canal. A diretoria de Planejamento e Programação do SBT é liderada por Murilo Fraga, um dos principais profissionais do mercado. Após a denúncia, a Justiça concordou com os argumentos da empresa e passou a monitorar os capítulos de A Favorita. O órgão do Ministério da Justiça disse ter encontrado elementos que sustentam a tese do SBT. A Globo foi notificada e teve que fazer alterações na classificação indicativa da novela. No entanto, a Globo ficou inconformada porque a versão da trama analisada pelo MJ foi a íntegra disponível no Globoplay, não a versão editada para TV aberta.
“A versão que está sendo exibida no Vale a Pena Ver de Novo não é a versão integral da obra, mas sim uma versão editada dia após dia, que sofre naturalmente cortes em seu conteúdo, visando adequá-la ao espaço de tempo de duração do Vale a Pena Ver de Novo, além da adequação ao seu público-alvo”, disse a Globo em sua reclamação. O MJ manteve a decisão e aplicou o selo +14 anos na trama. Mas o governo ainda ameaçou subir a classificação indicativa da novela. “A novela não encontra condições de ter o selo +12. Encontramos elementos de +16, mas vamos manter sua classificação como não recomendada para menores de 14 anos”, definiu o DPJUS. Apesar da mudança na recomendação de público da novela A Favorita, a Globo não corre maiores riscos em ter que tirar o folhetim do ar. Em 2016, o STF (Supremo Tribunal Federal) entendeu que as transmissões televisivas em TV aberta não são vinculadas ao horário. Caso fosse aplicada a regra que existia antigamente, os assassinatos de Flora só poderiam ir ao ar depois das 21h.