Humberto Carrão interpretou o apresentador do Profissão Repórter, Caco Barcellos na série Rota 66. A produção é baseada no livro que foi publicado em publicado em 1992 e estreou no Globoplay no final de setembro. A obra feita pelo comunicador tratava da morte de três jovens em São Paulo. Em entrevista ao Conversa com Bial, Carrão revelou que chegou a ser hostilizado enquanto gravava as cenas.
“Tenho prazer em fazer cenas em que nos misturamos com a vida da rua. Nesse dia estávamos no Centro de São Paulo e foi triste perceber que a figuração que tinha que jogar coisas em mim e me xingar contaminou quem estava passando em volta, então rolou um momento pesado de muita gente xingando. Foi tenso. É viver na pele o que o Caco vive na rua”, afirmou ele.
Recentemente, o ator chegou a revelar que a maior dificuldade para ele havia sido que o jornalista não é um personagem. “A maior dificuldade é o fato do Caco não ser um personagem do livro. Tiveram muitos momentos de conversa do Caco com os roteiristas, diretor, produtor, para que pudesse entender mais sobre a vida dele, para que algumas pequenas notas da vida dele pudessem ser amplificadas e virassem questões do personagem. Tem uma questão na série muito importante, que ele tem muita dificuldade de achar um sobrevivente, porque se trata de uma perseguição aos jovens negros e o personagem chega na cena um pouco depois de ter acontecido”, afirmou Humberto Carrão sobre o Rota 66.
O artista conviveu com uma realidade muito distinta no trabalho de campo. “É muito complexo, muito triste, muito violento. Enquanto o Caco entrevistava uma mãe, eu ouvi comentários de que houve Tróia, uma prática inconstitucional na qual o policial se esconde na mata ou em uma casa e espera o jovem passar. Os dois jovens foram presos, não foram mortos, mas estavam com projéteis no chão. As mães estavam desesperadas”, relatou o ator.