Depois de quase três dias sem a exibição de telejornais locais ao vivo, a Record Rio iniciou na manhã desta terça (20) a retomada de sua programação regional. Os programas passaram a ser transmitidos diretamente de um puxadinho improvisado, com tons azulados e um telão mal configurado, que deformava as imagens exibidas. Porém, a emissora continua escondendo de seus telespectadores qual foi a real razão para a suspensão temporária de seus noticiários e insiste na minimização do desabamento da sua Redação e de seus estúdios, interditados pela Defesa Civil.
“Estamos começando mais um Balanço Geral Manhã! Estávamos cheios de saudade e estamos de volta. Ontem, infelizmente, estivemos fora do ar e vocês assistiram a programação de São Paulo. Na sexta-feira, tivemos problemas técnicos aqui na emissora devido a um acidente. Mas, graças a Deus, não houve feridos graves. Hoje, estamos aqui de volta, prontinhos para dar o nosso melhor e transmitir pra você informações, notícias e tudo que o nosso jornalismo verdade faz questão de mostrar”, anunciou um empolgado Wagner Montes Filho na abertura de seu telejornal.
O “jornalismo verdade”, porém, não fez questão alguma de ser transparente com os telespectadores da Record. O público, acostumado com um cenário repleto de recursos de última geração, simplesmente se deparou com um puxadinho improvisado que deverá servir de cenário para os três telejornais locais por vários meses. A emissora não se deu ao trabalho de explicar o acidente de sexta, e trata algo gravíssimo como um “problema técnico” rotineiro.
O princípio de incêndio e o desabamento do estúdio anterior foi divulgado amplamente pela imprensa nacional, e ganhou espaço até nos noticiários regionais da TV Globo. O público da Record, porém, aparenta até agora não ter a mínima ideia do que realmente aconteceu. Nas redes sociais, ainda há uma enxurrada de telespectadores curiosos, querendo saber qual foi o acidente citado pelos apresentadores. Os jornalistas e a emissora ignoram os comentários, e chegam a bloquear internautas que são mais insistentes.
Ninguém imaginava que a Record fosse fazer uma insistente cobertura de sua tragédia pessoal. E nem haveria razão para tal, afinal de contas, a imensa maioria dos danos foram exclusivamente materiais: apenas quatro funcionários se feriram, e só um deles teve complicações mais delicadas, tendo que se submeter a uma cirurgia na mão. Porém, ignorar completamente a fatalidade e ressurgir em um puxadinho como se nada tivesse acontecido é, no mínimo, tratar o telespectador como um perfeito idiota.